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Sempre admirei os pensamentos formulados com inteligência e brilho. Entre eles, por exemplo, certos ditos
franceses, cheios de espírito, coruscantes como pedras preciosas, que ao
mesmo tempo desvendam realidades evidentes mas difíceis de formular. Cito este
do escritor Edmond Rostand: “O sol, sem o
qual as coisas não seriam senão o que elas são!”. Ou este, de
autor desconhecido: “Se deres as costas à
luz, nada mais verás que a tua própria sombra”.
Entretanto,
cabe a pergunta: a inteligência é um valor humano supremo, ou é mais elevada
a educação?
Estando
eu presente certa vez numa roda de conversa em torno do Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, fui surpreendido pela afirmação dele, de que a educação vale
mais do que a inteligência. Vindo de tão insigne mestre, aceitei de pronto
esse pensamento e o incorporei ao meu patrimônio intelectual. Mas foi só
depois, com o tempo e com a experiência trazida pelos estudos e pela vida,
que pude medir a realidade densa e deleitável que se encerra nessa luminosa
afirmação.
Plinio
Corrêa de Oliveira entendia a educação, é claro, não apenas no sentido
corriqueiro do modo como a pessoa cumprimenta os conhecidos quando os
encontra, e não lhes diz palavras que os deixem mal à vontade. Esse é o
rés-do-chão da educação. Ele empregava o termo educação no seu sentido mais
amplo e mais elevado, que implica um processo de formação das mentalidades,
dos hábitos, de comunicação de uma cultura.
A
educação está ligada à existência de todo um contexto social que forma as
pessoas de acordo com certos princípios, certos valores espirituais e morais,
certos costumes, certas regras que não apenas se aprendem, mas se assimilam.
Os mais jovens as recebem como que por osmose dos mais antigos, pelo
convívio, nas conversas, pelos mil imponderáveis enfim da vida em sociedade.
Educação e tradição, nesse contexto, são termos correlatos e complementares.
Uma
criança muito inteligente, vivendo num ambiente culturalmente pobre como
seria uma tribo primitiva, tem muito menos possibilidade de desenvolver suas
especificidades e de influenciar os outros, do que uma outra de inteligência
comum que vivesse num ambiente estuante de personalidade e de cultura, como
foi a corte de Luís XIV, por exemplo.
Inteligência
pode manifestar-se de improviso em qualquer um. A educação, pelo contrário, é
fruto de um processo laborioso que por vezes demanda várias gerações. Por
isso o igualitarismo revolucionário odeia mais as desigualdades resultantes
da educação do que as da inteligência.
Tais
considerações confluem naturalmente para analisar os males de uma
anti-educação. Ou seja, um conjunto de medidas que não visam esculpir o
espírito humano como se esculpe o mármore, para nele formar uma bela figura,
mas sim deformar a alma humana de modo a desfigurá-la e torná-la monstruosa,
nos conhecidos moldes da liberdade sem freios, do socialo-marxismo, da
ideologia de gênero e outros que tais.
E
é para este último tipo de anti-educação que parecem convergir hoje os
currículos de nossas escolas no Brasil, sob a égide de governos sem moral nem
dignidade.
Quantas
inteligências infantis, que podem ser notáveis e até superiores, são hoje
desviadas e desperdiçadas por falta de uma educação nobre e elevada!
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