Aborto: Abriu-se a caixa de Pandora
Sergio Sebold – Economista e Professor
Independente
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A resistência ao aborto começa a se
justificar pois, diante do rompimento desse dique moral, agora estão
encontrando outro meio para selecionar a espécie humana conforme a ética
utilitarista. A busca da sociedade pura está começando a mostrar suas unhas, tal
como pretendia Hitler em sua histeria política. Os recentes protocolos legais
na Alemanha pela introdução da “eutanásia dos neonatos” (eufemismo de
assassinato) abre uma fase totalmente nova na luta pelo direito à vida.
A barbárie, que o Cristianismo conseguiu conter
pela consciência entre os povos (pagãos) da Europa cujas práticas acima já eram
conhecidas, começa agora, depois de milênios, a aflorar novamente, com a virulência
dos jalecos e aventais brancos das clínicas de aborto.
A introdução legal a ser aprovada na
Holanda por mecanismos e argumentos falaciosos da eutanásia, ou aborto
pós-parto para recém-nascidos com alguma deformidade física, não eliminados no
ventre da mãe pelo aborto, talvez até por resistência desta, bem demonstra o
direcionamento da sociedade em seu abandono da fé cristã, cujo efeito será o retorno
ao estágio da barbárie. Isto terá consequências trágicas a longo prazo. Infelizmente,
a maioria dos políticos somente vê seus interesses eleitorais imediatos, não
conhece nada da história e aprova sem o mínimo pudor leis que atentam contra a
vida.
Na prática, trata-se de
verificar se existe, no diagnóstico pré-natal, na investigação da criança/feto
no útero materno, alguma possibilidade de ocorrência de anomalia genética do
nascituro. O caso mais comum é a síndrome de Down ou mongolismo como é mais
conhecido. Neste caso particular há informações assustadoras que 90% são
abortados depois das indicações médicas.
Mesmo com todos os avanços da medicina, não
há certeza absoluta, antes, e mesmo depois, logo após o nascimento, dos
defeitos genéticos apurados. Feita a averiguação correta e “segura” de sua
anormalidade, o próximo passo é a eutanásia pós-nascimento. Sem contar com o
erro, muitas crianças sadias, podem ser confundidas pelas suas características
com alguma anormalidade, sendo eliminadas (assassinadas); ou pelo contrário,
crianças supostamente sadias, com potencial de anormalidade no futuro, podem ser
preservadas.
O extremo absurdo da ética utilitarista
coloca a questão nos seguintes termos: muitos abortos se fazem “tardiamente”,
apelando para infanticídio onde “é melhor que a criança venha ao mundo de modo
natural, para então exterminá-la, se realmente estiver com defeito ou doente.
Ter-se-ia neste caso absoluta segurança sobre seu estado de saúde, e os médicos
(pasmem), evitariam o risco de serem responsabilizados”.
Na revisão penal sobre a mulher que pratique
o aborto na Alemanha foi introduzida sutilmente a expressão “indicação
eugênica”, uma ampliação da liberdade abortista. Uma nova forma de se permitir
o ”aborto”, após o nascimento! Essa “indicação médica”
permite abortos até pouco antes do nascimento caso haja perigo para a saúde da
mãe. Porém, isso é mera teoria.
Aqui fica evidente uma coisa: a
legalização do aborto representou o rompimento de um dique que nos leva de uma
catástrofe moral a outra pior. As soluções de compromisso não conseguem sustar
este processo. A propósito da vida é necessário manter a postura que o
cristianismo estabeleceu desde o início: não é possível fazer concessões.
Se uma criança passar pelos
exames pré-natais, mas nascer com um defeito genético como a síndrome de Down,
anencefalia, por hipótese, de acordo com tal projeto de lei, a criança poderá
ser “eutanasiada”, resultado de uma lavagem cerebral que está atingindo a todos
os povos do mundo. Ironicamente, chamam isso de “ato de compaixão”.
A maioria da população
holandesa, ontem protestante, hoje é ateia. Os jovens de hoje não têm mais a
ideia de um Deus Onipotente.
No aborto, o matador ou o algoz
não vê os olhos de sua vítima, por isso é fácil adotar este procedimento,
porque se ele tivesse a oportunidade de ver o feto se contorcendo, pela morte
eminente, aí sim talvez chegasse a ver o terrível ato imoral que estaria
praticando. É fácil e confortável eliminar alguém quando não se vê.
Que Deus tenha piedade dessa
monstruosidade. A barbárie está chegando!