Vida Consagrada:
dom precioso de Deus
A Voz do pastor No 5 - 31 de agosto de
2010
Queridos irmãos e irmãs, nossa exposição sobre os
diferentes caminhos que Deus utiliza para chamar os seus filhos e filhas, chega
agora a um ponto controverso.
No mundo, além das muitas coisas boas, com as quais louvamos ao Criador, existem
outras que precisam melhorar. Não vivemos na realidade definitiva querida por
Deus. Cristo veio ao mundo, e com Ele se instaurou o Reino dos Céus (cfr. Lc
11,20; Mt 11,5); mas sua obra só se completará no final dos tempos, quando vier
em glória (Mt 24,31). Até lá, é necessário nosso empenho e generosidade.
Neste contexto, “desde
os primórdios da Igreja, houve homens e mulheres, que pela prática dos
conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo
mais de perto, consagrando, cada um a seu modo, a própria vida a Deus. Muitos
deles, movidos pelo Espírito Santo, levaram vida solitária, ou fundaram
famílias religiosas, que depois a Igreja de boa vontade acolheu e aprovou com a
sua autoridade” (Perfectae Caritatis, 1). Eles são testemunhas do mundo
futuro que Deus quer.
Nas palavras do papa João Paulo II, de feliz memória, estes homens e mulheres
são “sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e para o mundo. Sua
missão é indicar o Filho de Deus feito homem como a meta escatológica para
onde tudo tende, o esplendor perante o qual qualquer outra luz
empalidece" (cfr. Vita Consecrata, 15 e 16).
Assim, ante os efeitos do consumismo, da sensualidade e da revolta do homem, o
testemunho de pobreza, castidade e obediência dos religiosos é remédio de
Cristo. Ante as trevas da miséria e das doenças, o testemunho silencioso dos consagrados
que se dedicam aos mais pobres e aos doentes é luz do Redentor. Ante a baixeza
do individualismo egoísta, o testemunho dos contemplativos(as) eleva nosso
olhar até o mais importante, que é o Senhor.
A vida Consagrada é um dom precioso de Deus! Lembremos as palavras do papa
Bento XVI no Dia Internacional da Vida Consagrada deste ano: “A vida consagrada
testemunha a superabundância do amor que estimula a ‘perder’ a própria vida,
como resposta à superabundância do amor do Senhor! Penso agora nas pessoas
consagradas que sentem o peso da fadiga quotidiana escassa de gratificações
humanas, penso nos religiosos e nas religiosas idosos, doentes, em quantos se
sentem em dificuldade no seu apostolado... Nenhum deles é inútil! São um dom
precioso para a Igreja e para o mundo, sequioso de Deus e da sua Palavra”. São verdadeiramente sinais de contradição.
Dom
Edney Gouvêa Mattoso,
Bispo Diocesano de Nova Friburgo