Karl Rahner e o mais importante!
Santo Inácio de Loyola dizia que: “Não é o muito saber que sacia e satisfaz as pessoas, mas sim o sentir e o saborear internamente e com fé o que o Senhor nos vai revelando” (EE 15).
Karl Rahner, nasceu a 5 de março, em Friburgo, Alemanha, e entrou para a Companhia de Jesus aos 18 anos, não muito depois da entrada do seu irmão Hugo. Quando, ao terminar os seus estudos teológicos, foi enviado a estudar história da filosofia, teve a oportunidade de assistir aos seminários do famoso filósofo Martin Heidegger. Mas o campo onde exerceu um influxo extraordinário foi, sem dúvida, a teologia, com uma clara preferência pela teologia dogmática que ensinou em várias universidades. Teve problemas com a censura eclesiástica, mas esta não impediu a sua nomeação como “perito” no Concílio Vaticano II.
Apesar do caráter especulativo de muitos dos seus escritos, Rahner vibrava com os problemas do seu tempo: a evolução, as relações entre marxismo e cristianismo, teologia e política, diálogo ecumênico. A espiritualidade da Companhia, e em especial o discernimento de espíritos, interessaram-lhe ao longo de toda a sua vida e encontrou eco em muitos dos seus livros, conferências e nos Exercícios Espirituais que dirigiu.
A jubilação (1971) não travou a sua atividade; continuou a ser membro de comissões, congressos, dando conferências e entrevistas. No momento da sua morte, a bibliografia primária contava com 4.000 títulos, e a secundária mais de mil. Um índice do reconhecimento da sua extraordinária contribuição à teologia é o fato de que recebera 15 doutoramentos honoris causa e que, por motivos dos seus oitenta anos, instituíra-se em Innsbruck o Prêmio Karl Rahner para a investigação teologia.
As elucubrações de Rahner sobre o existencial sobrenatural (todos os seres humanos são criados com uma orientação, gratuita e indevida, à comunicação com Deus) e sobre o cristão anônimo, ultrapassaram os limites do mundo puramente acadêmico e alcançaram um amplo campo de difusão e discussão.
Toda a vida de Rahner foi uma reflexão sobre a fé, sobre a capacidade humana para crer, sobre os problemas que afetam o homem e a mulher da rua, problema que ele mesmo, Rahner, em solidariedade, sentia. A sua teologia estava transida por uma visão místico-inaciana. Com a ajuda do seu irmão Hugo, incorporou elementos patrísticos e inacianos às suas sínteses teológicas. Em 1978 Rahner escrevia: “A espiritualidade de Inácio que recebemos por intermédio da práxis da oração foi mais importante para mim do que a filosofia e a teologia mais sublimes, tanto dentro como fora da Ordem”. Rahner faleceu no dia 30 de março de 1984, Innsbruck, Áustria.
Os crentes da pós-modernidade devem meditar abissalmente nesse pensamento de Rahner: “O cristão do século XXI será místico ou não será cristão”.
Professor de História da Igreja Instituto Teológico Bento XVI Sociólogo em Ciência da Religião E-mail: [email protected]
Fontes:
Jesuítas. Anuário da Companhia de Jesus, ano 2000, p. 168. História da teologia cristã. Wolfgang, Pauly, (Org.). São Paulo: Edições Loyola, 2012. |
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