EU ODIAVA O CATOLICISMO
Ex-protestante: COMPARE o nível dos argumentos de protestantes convertidos ao
catolicismo com o de ex-”católicos”:
Quando me converti a Igreja Católica, prometi a algumas pessoas que descreveria
aquilo que eu costumo chamar de “o meu caminho de Damasco”. Aqueles que
conhecem a experiência de conversão de Paulo, que ainda se chamava Saulo —
vejam o capítulo 9 de Atos —, sabem que a sua conversão deu-se quando ele
estava a caminho de Damasco para prender cristãos — a imagem acima de
Caravaggio chama-se “A conversão de São Paulo”.Paulo teve uma experiência
singular pessoal e intransferível. Creio que todo cristão genuíno, mesmo
aqueles que nasceram e foram criados em um lar cristão, tem de ter o seu
caminho de Damasco em algum momento. Tive o meu na referida data.
Apesar da promessa, sempre adiei o projeto de escrever sobre a minha
experiência porque acredito que deveria fazê-lo em um livro e que o espaço
deste blog seria inadequado para relatar o ocorrido. A minha pretensão,
entretanto, não é a de cumprir a minha antiga promessa, mas a de relatar o que
chamei no título desta postagem como sendo a minha segunda conversão. Muitos já
devem saber, e se não o sabiam sabem agora, que me converti ao Catolicismo.
Antes, era um batista, evangélico, protestante; agora, sou um católico
apostólico romano.
Antes, devo ressaltar que não tenho pretensões de converter ninguém. O meu
objetivo aqui é o de registrar uma explicação da minha conversão a fim de não
ter de repeti-la sempre, poupando-me de esforços desnecessários, embora tenha
de confessar que ela ainda não está organizada suficientemente para que eu
possa descrevê-la de maneira concisa — por isso, peço perdão, de antemão, se
esta postagem apelar a digressões de modo excessivo ou se eu acabar
estendendo-me em demasia. Não é a minha intenção aqui fazer uma apologética de
todas as doutrinas católicas, até porque o espaço seria totalmente inadequado
para tanto: precisaria escrever um livro para isso — de fato, há uma vasta
literatura que já faz isso e procurarei indicar algumas leituras no decorrer
deste texto não apenas para fundamentar o que digo, mas para oferecer um apoio
de leitura a quem tiver o interesse sincero de conhecer a verdade.
Minha jornada ao Catolicismo, creio eu, iniciou-se em 2011. Como praticamente
todos os protestantes que conheço — fui dar-me conta das proporções do
anticatolicismo dos protestantes apenas muito recentemente —, conhecia o
Catolicismo apenas por meio de chavões, caricaturas e espantalhos. Nunca tinha
lido nada católico e só conhecia a Igreja Católica de segunda mão, a partir das
críticas dos protestantes. Minha mãe, tomando conhecimento do meu catolicismo
neste ano, perguntou-me certa feita: “Ué, você não dizia que tinha de ser muito
burro pra ser católico?”. Sim! Eu já disse isso antigamente, quando não tinha a
menor ideia de como os católicos continuavam adorando as imagens depois de um
texto tão claro como o de Êxodo 20.4: “Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma
imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra” [Nova
Versão Internacional (NVI) — uma tradução protestante!]. De maneira semelhante,
cheguei a dizer quando era agnóstico, antes da minha conversão ao Cristianismo
em 2009, que poderiam internar-me em um hospício se algum dia eu tornasse-me um
cristão.
Acompanho o programa TrueOutspeak (http://www.blogtalkradio.com/olavo) do
filósofo Olavo de Carvalho desde 2010. Mesmo tendo começado apenas em 2010,
ouvi todos os programas desde 2006, o que são mais de 300 programas, com média de
50min de duração. O programa, que antes era semanal, passou a ser mensal neste
ano. O professor Olavo chegou a anunciar o fim do programa em dezembro do ano
passado, mas resolveu retomá-lo mensalmente por conta da enorme quantidade de
protestos. O professor Olavo, por quem tenho imensa consideração, respeito e
admiração, sempre iniciava os seus programas dizendo o seguinte: “Começamos
mais uma vez invocando a santíssima Virgem Maria e o Santo Padre Pio de
Pietrelcina para que roguem a Deus que nenhuma injustiça se cometa nesse
programa”. Quando percebi a erudição do professor Olavo e vi que ele era
católico, logo pensei: “é… ninguém é perfeito.”. Aquilo, entretanto,
intrigava-me porque sabia que a última pessoa do mundo que eu diria que não
estudou um assunto seria o professor Olavo. Será que ele, simplesmente, não
sabia de passagens como a de Êxodo 20? Em 2011, ouvi um de seus programas
citando o padre Paulo Ricardo (http://padrepauloricardo.org/).
Procurei o seu site em outubro de 2011 e deixei uma pergunta que reproduzo
aqui:
“Padre Paulo Ricardo, em primeiro lugar, parabéns pelo seu trabalho. Deus, com
certeza, reserva o seu galardão no céu pela edificação que o senhor traz-nos
com os seus vídeos e textos. Cresci na tradição protestante tradicional, para
ser específico, a tradição Batista, e sempre tive uma visão bastante distorcida
sobre o Catolicismo, baseada naquele catolicismo denunciado por Lutero no
medievo.
Tenho tentado despojar-me do preconceito para tentar compreender melhor a
tradição católica e tenho me impressionado e me surpreendido quanto mais
aprendo. Tenho quatro dúvidas que gostaria que me fossem respondidas se
possível.
— A primeira pergunta refere-se à reza e às repetições. Jesus, antes de ensinar
como se deve orar, disse o seguinte:
“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por
muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso
Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.” [Mateus 6:7-8]
Se logo antes de ensinar o Pai Nosso Cristo pede que não façamos uso de vãs
repetições, por que se reza com repetições?
— A segunda pergunta refere-se às imagens. O segundo mandamento diz:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima
nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” [Êxodo 20:4]
Por que, então, faz-se imagens?
— A terceira refere-se às intercessões feitas aos santos ou mesmo à virgem
Maria. Paulo, diz o seguinte:
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo
homem.” [1 Timóteo 2:5]
Ora, se apenas Cristo é o mediador entre Deus e os homens, por que os católicos
apelam a outros mediadores, além de Cristo?
— A última refere-se à salvação. Uma das cinco solas da tradição reformada
defende que o homem é justificado somente pela sua fé. Eu discordo disso,
crendo que a salvação é obtida pela fé, numa conjunção com as obras. Se não
fosse desse modo, o texto de Hebreus 12.14 não diria que sem a santificação
ninguém verá o Senhor ou não se falaria de pecados que têm por consequência que
não se verá a Deus. Costuma-se utilizar o argumento de que o converso,
certamente, seguirá o caminho da santificação, mas acho tal argumento
controverso e sem justificação. Qual a visão da Igreja Católica a respeito do
assunto? Sempre ouvi dizer que ela prega que a salvação vem pelas obras.
Espero que as minhas perguntas sejam respondidas assim que possível e agradeço,
desde já, a atenção dispensada.
Paz de Cristo!
Fábio Salgado”
Fiz algumas modificações na última pergunta porque na época fui impreciso,
falando de “graça” em vez de fé. Não conhecia naquela época o documento
assinado no dia 31 de outubro de 1999 intitulado “Declaração Conjunta Sobre a
Doutrina da Justificação”.
(http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/documents/rc_pc_chrstuni_doc_31101999_cath-luth-joint-declaration_po.html)
No ponto 15 dessa declaração, luteranos e católicos afirmam: “Confessamos
juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa
de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos
renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras”. Esse documento é
muito claro. Recentemente, um pastor disse para mim que a Igreja Católica não
crê que somos salvos somente pela graça. Quando eu disse que ele estava errado,
ele simplesmente disse que isso era óbvio. Quando eu mencionei esse documento,
ele, simplesmente, disse que não iria ler nada. Nesse momento, tenho de deixar
algo claro aqui. O professor Olavo de Carvalho, no seu já mencionado programa
TrueOutspeak, certa feita, disse o seguinte:
“Se o cara não estudou, não sabe, tem é que calar a boca. Eu acho que o direito
de ter opinião é proporcional ao interesse sincero que você tem pelo assunto.
Se você não tem interesse pelo assunto pra você sequer ler alguma coisa, por
que nós devemos ter interesse em ouvir a sua opinião?”
Aqueles que conhecem o tom do professor nesse programa — o tom dele nas suas
aulas é completamente diferente — devem saber que o professor não foi tão
educado e polido como procuro ser — infelizmente ou felizmente (não saberia
dizer ao certo). Aqui está a sua fala completa:http://www.youtube.com/watch?v=pzZNeBam6ZQ.
Concordo com ele: as pessoas não estudam e simplesmente querem opinar sobre
aquilo que não entendem.
Voltando à minha pergunta de 2011, recebi a seguinte resposta no mesmo dia:
“Salve Maria!
Caro Fábio,
Muito obrigado pela sua mensagem.
Sua pergunta já foi encaminhada e na medida do possível, será respondida pelo
Pe. Paulo Ricardo durante o podcast “A Resposta Católica”.
Aconselho que assista os vídeos dos links abaixo:
http://padrepauloricardo.org/episodios/intercessao-dos-santos
http://padrepauloricardo.org/episodios/culto-aos-santos-e-suas-imagens
Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidá-lo a participar dos cursos
online do sitepadrepauloricardo.org e ajudá-lo nesse projeto de formação e
incentivar outros a fazê-lo. Nele encontrará um vasto conteúdo para defender e
ensinar a fé católica com mais firmeza e solidez.
Ajude-nos a manter este trabalho de apostolado na internet, pela formação dos
católicos, por amor a Santa Igreja e sua Sagrada Tradição.
Contamos com as suas orações.
Deus o abençoe sempre.
Ad maiorem Dei gloriam
Equipe Christo Nihil Praeponere – padrepauloricardo.org ”
Os dois vídeos indicados foram o estopim para que eu percebesse que eu sabia
absolutamente nada sobre o Catolicismo e que deveria dar-me ao trabalho de
estudar seriamente o assunto. Infelizmente, na época, era um mero bolsista de
iniciação científica da UnB e não tinha dinheiro para pagar o acesso ao site do
padre Paulo Ricardo e sabia que meus pais nunca aceitariam ajudar-me a pagar
cursos sobre o Catolicismo. No dia seguinte, mandei outra mensagem, angustiado
com o pouco conhecimento que percebi ter:
“Padre Paulo Ricardo, o senhor poderia indicar uma bibliografia para quem quer
entender o Catolicismo? Além dos documentos da igreja, do ponto de vista da
Teologia Católica, quais textos o senhor recomendaria?
Abraço e paz de Cristo!”
Recebi a resposta, novamente, no mesmo dia:
“Salve Maria!
Caro Fábio,
Muito obrigado pela sua mensagem.
Recomendo que comece por estudar a História da Igreja.
Segue abaixo algumas indicações:
DUÉ, Andrea. Atlas histórico do cristianismo. Aparecida-SP: Santuário;
Petrópolis: Vozes, 1999.
FRÖLICH, Roland. Curso básico de história da Igreja. 4ª ed. São Paulo: Paulus,
2005.
RATZINGER, Joseph. Compreender a Igreja hoje: vocação para a comunhão. 2ª ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
BIHLMEYER; TUECHLE, Hermann. História da Igreja: antiguidade cristã. São Paulo:
Paulinas, 1964.
DANIÉLOU, Jean; MARROU, Henri. Nova história da Igreja: dos primórdios a São
Gregório Magno, v. 1. Petrópolis: Vozes, 1965.
PIERINI, Franco. A idade antiga: curso de história da Igreja, vol. 1. São
Paulo: Paulus, 1998.
ROMAG, Dagoberto. Compêndio de história da Igreja: a antiguidade cristã, v.1,
2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1949.
SESBOÜÉ, Bernard; WOLINSKI, Joseph. O Deus da Salvação. Col.: SESBOÜÉ, B. (dir.)
História dos Dogmas, vol. 1. São Paulo: Loyola, 2002.
VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica: das origens até o cisma do
Oriente (1054), v. 1. São Paulo: Paulus, 2006.
DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. Tradução de Henrique Ruas;
revisão de Emérico da Gama – São Paulo: Quadrante, (10 vols.), 2006.
LLORCA, Bernardino; GARCÍA-VILLOSLADA, Ricardo e LABOA, Juan María. Historia de
la Iglesia Católica. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos (5 vols.), 2005.
Contamos com as suas orações.
Deus o abençoe sempre.
Ad maiorem Dei gloriam
Equipe Christo Nihil Praeponere”
Resolvi levar a sério a recomendação e comecei a estudar seriamente a história
do Cristianismo e da Igreja Católica. Faço questão de ressaltar que fui
respondido no mesmo dia porque já procurei corresponder-me com muitos pastores
do meio cristão brasileiro, mas fui ignorado na maior parte das vezes. Creio
que o estrelato deve ter subido às suas cabeças, pois consigo corresponder-me
mais facilmente com filósofos estrangeiros extremamente produtivos de maneira
muito mais fácil. Conto nos dedos das mãos os filósofos do exterior que
deixaram de dar-me respostas. Não posso deixar de citar uma das poucas
exceções, que foi o pastor Luiz Sayão, que respondeu inúmeros questionamentos
meus por meio do seu programa . Até hoje estou estudando a bibliografia acima
que me foi indicada.
Os cinco volumes de Llorca, García-Villoslada e Laboa, por exemplo, eu só
comprei recentemente. Antes de ler e estudar essa bibliografia, já tinha
estudado a história do Cristianismo da perspectiva de alguns protestantes como,
por exemplo, a ”História Ilustrada do Cristianismo” de Justo L González, quando
ainda não tinha sido editada em apenas dois volumes, e “Uma História do
Cristianismo”, de Kenneth Scott Latourette. Lembro-me de que algo que me
impressionou ao ler González foi que ele já apontava que, na verdade, a
Contrarreforma começou antes da Reforma, por mais paradoxal que seja a partir
dos nomes. Já na Espanha, a Igreja Católica já tinha começado várias reformas
antes de Lutero. É importante dizer aqui que Lutero, de fato, estava certo em
muita coisa. Havia, realmente, muitos abusos por parte do Clero. Lutero estava
vivo quando o famoso Papa Alexandre VI, o Bórgia, foi eleito. Para ter a
imaginação estimulada, recomendo a série “The Borgias”.
Por falar em Lutero, resolvi começar a lê-lo por conta própria (procurem os
vários volumes de “Obras Selecionadas” lançadas pela Editora Sinodal). Fiquei
horrorizado com Lutero. Descobri que, por exemplo, Lutero acrescentou o termo
“alleyn”, em Romanos 3.28, para reforçar sua doutrina. Procurem os debates
desse sujeito com Erasmo de Roterdã, por exemplo, e vejam como ele era
grosseiro. As pessoas não têm o trabalho de, por exemplo, ler as 95 teses de
Lutero e mal sabem que ele mesmo não era avesso às indulgências, mas apenas ao
comércio de indulgências como se vê claramente na sua septuagésima segunda
tese: “Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é
excomungado e maldito.”. Quem nunca se deu ao trabalho de ler todas as teses,
pode fazê-lo aqui:
http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm
Cresci ouvindo as pessoas dizerem que a Igreja desestimulava a leitura da
Bíblia, assim como a sua tradução. Se vocês consultarem o “The Cambridge
History of the Bible”, especificamente o volume 2, “The West from the Fathers
to the Reformation”, editado por G. W. H. Lampe, vocês verão, por exemplo, que
muito antes de Lutero, 58 anos antes, já havia a primeira Bíblia impressa no
Alemão e que durante esses 58 anos os católicos imprimiram 30 diferentes
edições alemãs da Bíblia — procurem, também, o livro “As diferenças entre a
Igreja Católica e Igrejas Evangélicas”, de autoria do ex-protestante Jaime
Francisco de Moura. Isso não foi exclusividade da Língua Alemã, mas ocorre, por
exemplo, com o Espanhol, o Holandês, o Francês, em Inglês, entre outros
idiomas.
Percebi que o desconhecimento era generalizado: até mesmo aqueles que se diziam
ex-católicos sabiam de absolutamente nada da Doutrina Católica. O sociólogo
Alberto Carlos Almeida — vejam as entrevistas dele ao Roda Viva e à Marília
Gabriela — costuma apontar que os protestantes sempre foram bons na educação do
povo em geral e que os católicos sempre foram bons na educação da elite — prova
disso são as diferenças entre os índices educacionais de países
majoritariamente protestantes e majoritariamente católicos, além do nível
acadêmico das universidades católicas e das universidades protestantes. Como os
protestantes baseiam-se no “Sola Scriptura”, eles estavam extremamente
interessados em alfabetizar as pessoas. Foi-se, entretanto, o tempo em que os
protestantes eram conhecidos pelo seu domínio das Escrituras, uma vez que há
protestantes de todo tipo hoje, inclusive denominações que, incrivelmente,
desaconselham a leitura da Bíblia. Ouvi recentemente um batista tradicional
beirando os sessenta anos dizendo-me que nunca tinha ouvido falar do “Sola
Scriptura”. Da mesma maneira, pegue uma igreja presbiteriana tradicional ou uma
batista tradicional que defenda ferrenhamente que o cristão deve apenas
basear-se nas Escrituras. Serão raros aqueles que terão lido a Bíblia toda
durante anos de conversão. Digo isso porque os católicos são conhecidos por seu
desconhecimento das Escrituras, mas creio que se levarmos em conta o
conhecimento que um católico médio tem da Tradição, considerando-se que o
católico não aceita a “Sola Scriptura”, e formos comparar com o conhecimento de
um protestante médio acerca das Escrituras, a diferença não será tanta.
Voltando à fala de algumas pessoas que falam sobre o desestímulo da leitura da
Bíblia, reproduzo aqui um trecho do livro do Jaime de Moura que já mencionei:
“João Crisóstomo (354-407 dC), doutor da Igreja, escreveu: ‘É isto que tem
destruído todas as coisas: vocês pensarem que a leitura da Escritura é tarefa
apenas para os monges, quando na verdade vocês precisam dela muito mais do que
eles. Aqueles que se põem no mundo e diariamente são feridos têm mais
necessidade da medicina. Assim, age bem pior aquele que não lê as Escrituras,
supondo que são supérfluas. Tais coisas são invenção do diabo’ (Homilia sobre
Mat. 2,5).
Papa S. Gregório I (+604 dC), escreveu: ‘O Imperador dos Céus, o Senhor dos
homens e dos anjos, enviou suas epístolas para vós, para que aproveiteis a
vossa vida, mas vós negligenciais a lê-las devidamente. Estudai e meditai
diariamente sobre as palavras do vosso Criador – eu vos imploro. Aprendei o
coração de Deus nas palavras de Deus, para que possais aspirar as coisas
eternas, para que vossas almas possam ser despertadas pelo desejo da alegria
celestial” (Epístola V,46).
S. Bernardo de Clairvaux (1090-1153 dC), doutor e padre da Igreja, escreveu: ‘A
pessoa que deseja muito a Deus estuda e medita sobre a Palavra inspirada, para
conhecer o que ela diz. É assim que essa pessoa certamente encontra aquele a
quem deseja’ (Comentário ao Cântico dos Cânticos, Sermão 23,3).
Papa S. Pio X (1903-1914 dC), escreveu: ‘Nada poderia nos alegrar mais do que
ver nossos queridos filhos criarem o hábito de ler os Evangelhos, não apenas de
tempos em tempos, mas diariamente’.
Finalmente, o Catecismo da Igreja Católica declara: ‘A Igreja ‘exorta com
veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos… a que, pela frequente
leitura das divinas Escrituras, aprendam «a eminente ciência de Jesus Cristo»
[Fil. 3,8]. «Porquanto ignorar as Escrituras é ignorar Cristo»’ [S. Jerônimo]”
(CIC 133).
A proibição de que falam os protestantes, é que o Concílio de Tolosa (França)
proibiu traduções da Bíblia para o vernáculo para evitar erros, proibição
retirada pelo Concílio da Tarragona (Espanha) em 1233.
O Sínodo de Oxford (1408) proibiu a publicação e a leitura de textos vernáculos
da Bíblia não autorizados. O mesmo se deu no Sínodo dos Bispos alemães em
Mogúncia (1485), devido a confusão doutrinária criada por John Wiclef
(1320-84). O Concílio de Trento (1545-1563) declarou autêntica a Vulgata
latina, tradução devida a S. Jerônimo (+420) e decretou que as traduções da
Bíblia deveriam conter o visto do Bispo diocesano, para se evitar abusos de
tradução.
Isso aconteceu porque a Igreja exerce seu papel de zelar pela fidelidade da
doutrina conf. (2 Timóteo 4, 2); (Tito 1, 13). É o que aconteceu ao contrário
com os protestantes. Lutero divulgou a Bíblia para que cada um pudesse
interpretar a sua maneira.”.
VEJA A CONTINUAÇÃO DO TESTEMUNHO AQUI:
http://blog.comshalom.org/carmadelio/38364-testemunho-imperdivel-de-conversao-de-ex-protestante-compare-o-nivel-dos-argumentos-de-protestantes-convertidos-ao-catolicismo-com-o-de-ex-catolicos
Fábio Salgado