Vitalidade
da Religião
Freqüentemente a imprensa dá notícias da vitalidade da
Religião e, em particular, do Catolicismo, em nossos dias, apesar da sufocação
que lhe têm infligido Governos ateus. — Entre outros tópicos, sejam destacados
os seguintes:
“AUMENTA FÉ RELIGIOSA
EM CUBA”, AFIRMA ARCEBISPO
BONN — O Presidente da Conferência Episcopal de Cuba, Dom
Jaime Lucas Ortega y Alamino, afirmou que existe um aumento da fé religiosa em
seu país, no qual não se registrou qualquer retrocesso na abertura do Governo
para a ação pastoral da Igreja Católica. Dom Jaime Lucas, que é também
Arcebispo de Havana, está visitando a Alemanha Ocidental à frente de uma delegação
de religiosos, da qual participam o Bispo de Cienfuegos, Dom Fernando Prego
Casal, e o Secretário da Conferência Episcopal, Dom Carlos Manuel de Cespedes.
De acordo com o visitante, a renovação da fé é facilmente
constatada através do aumento do número de batizados, do total de conversões
entre os jovens, e da participação das pessoas nas manifestações de
religiosidade popular.
—
A fé religiosa não está morta, nem a ponto de morrer. Ela se manifesta em
algumas ocasiões de maneira surpreendente até para a própria Igreja. Tudo isso é
entendido por nós não como o rompimento de um suposto isolamento, mas sim por
um amplo renascer religioso, que ocorre concomitantemente com os fenômenos de
modificação ocorridos no Leste Europeu — disse.
Ele fez questão, no entanto,
de esclarecer que o renascimento
religioso em Cuba não foi uma conseqüência
daquelas modificações, pois surgiu
anteriormente a
elas. E acrescentou:
—
Ao contrário do que
alguns previam, o Mundo
de hoje não caminha para o ateísmo. Embora encontremos algum agnosticismo, há
uma nova religiosidade, na qual a fé surge sob diferentes formas.
Dom Jaime Lucas informou também que a possibilidade de o
Papa João Paulo II visitar Cuba — para o que
foi convidado pela Conferência Episcopal e pelo próprio Presidente Fidel Castro
— continua em aberto, mas não se sabe ainda quando ocorrerá.
(O Globo, 13/10/1990,
p. 18).
"URSS APROVA
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E RELIGIÃO”
Das
Agências Internacionais
O Parlamento da União Soviética aprovou a lei de liberdade
de consciência que aumenta consideravelmente a liberdade religiosa no país. Por
342 votos a favor, um contra e uma abstenção, passa a ser permitida a criação
de associações religiosas e o ensino religioso livre na URSS.
O Estado não financiará nenhuma atividade religiosa e nem as
campanhas de ateísmo. Os seminaristas passarão a ter
os mesmos direitos Que os demais
estudantes do
país.
Assistiram à sessão o patriarca da Igreja Ortodoxa
Russa, Alexei 29,
e representantes de confissões protestantes e do judaísmo. A
Igreja Ortodoxa Russa é
largamente majoritária
na URSS e foi também vítima da perseguição
religiosa do regime comunista. Sua estrutura foi totamente submetida ao Estado, que nomeia os
ocupantes da hierarquia, e grande parte de suas propriedades foi confiscada.
A perestroika
do presidente Mikhail
Gorbatchev aliviou algumas das restrições à prática religiosa no país. Algumas
igrejas, mosteiros e seminários foram devolvidos e fez-se vista
grossa a algumas práticas proibidas formalmente, como procissões e outras
celebrações ao ar livre. (A FOLHA DE SÃO PA UL O, 27/09/90).
“RÚSSIA: DEUS ESTÁ DE VOLTA”
Pe. Paschoal Rangel
O jornalista francês Gilles Lapouge escreveu há dias que Deusvolta
ao país de Lenin e do ateísmo oficial, sem nunca ter saído. Ele foi declarado
indesejável, foi insultado, controlado, perseguido, proibido. Mas, escreve
Lapouge, "Deus não desiste facilmente". Assim, depois de 73 anos
de banimento, "eis que retorna em triunfo, com o regime se preparando para
restabelecer seus direitos, por meio de uma 'lei sobre liberdade de consciência
e de organização religiosa' ".
Há poucos dias, pude ler uma crônica emocionada de Giorgio Torelli scbre o mesmo assunto. "Leio em um
jornal milanês — escrevia Torelli —:
'A Santa Rússia desfila
diante de Lenine. Pela primeira vez desde a Revolução, uma grande cerimônia religiosa se desenrolou na maior Igreja do Kremlin.' E continuava: 'No
meio de uma selva de cruzes e ícones, milhares de fiéis em procissão no coração
de Moscou.' Num outro cotidiano
(este, turinês)
encontrei isto: 'Poucos tinham visto alguma vez coisa semelhante: o patriarca
desfilar vestido de púrpura, circundado de bispos e metropolitas.' "
E Giorgio Torelli comenta: "A procissão aconteceu por
ocasião do dia de Moscou. E embora o vento gélido de setembro espremesse entre
os dos a capital, milhares
de moscovitas se reuniram ao longo dos três quilômetros do percurso. Cantavam e
rezavam. Imagina-se que, por detrás das cortinas do Kremlin, os homens, talvez
o próprio Gorbatchev, estivessem espiando o serpear da multidão. Os cantos se
levantavam depois de 73 anos de pedra." Deus chegava ali, de onde nunca
havia saído. É isto.
Há, em tudo isso, um punhado de esperança para um mundo que
se deixa perder no mais absurdo materialismo. Mas não deixa de ser preocupante
pensar que é mais fácil Deus ficar presente no meio da perseguição e até do
martírio dos seus fiéis do que sobreviver num mundo a quem Ele não incomoda
mais, porque perdeu a importância. Este é o nosso desafio" ( O LUTADOR, 14
a 20/10/1990, p. 2).