DEUS EXISTE?
A existência de Deus constitui, na história da
humanidade, o debate mais antigo que continua atual e impactante até o final
dos tempos. “Afinal, Deus existe?” - é o que muitos querem saber. As respostas
costumam ser “sim”, “não” ou ainda um “não sei”. Elas dependem de um tipo de
conhecimento e, como sabemos, há muitas formas de conhecer. A prática e a
teórica são as mais divulgadas.
Muitos são os livros que procuram, de forma teórica,
provar que Deus existe. Outros, com o mesmo método, tentam convencer as pessoas
do contrário. Mais recentemente está na moda dizer que “não é possível saber”.
A pergunta importante é se faz alguma diferença o fato de Deus existir. Para o
insensato, diz a Bíblia Sagrada, “Deus não existe” (Salmo 14,1).
O célebre cientista francês, Blaise Pascal (1623-1662),
propôs uma questão que ficou conhecida como “A aposta de Pascal” ou se Deus
pode ou não ser conhecido. Ele dizia que há na vida duas coisas muito
importantes que são a verdade e o bem. Em suas escolhas você pode ficar com as
duas ou perdê-las, mas também pode talvez aparentemente, ficar com uma só
delas. Em cada escolha, segundo Pascal, você está colocando em risco: a sua
razão e a sua vontade; o seu conhecimento e a sua felicidade. Pela nossa
própria natureza, queremos evitar tanto o erro quanto a infelicidade. Tanto uma
quanto outra das opções de acreditar que Deus existe ou não, podem ser
justificadas racionalmente, porém, e quanto à felicidade? Dizia Pascal que se
você apostar que Deus existe e “ganhar, leva tudo, mas se perder, não precisa
abrir mão de nada”, por isso, dizia: “Não vacile, [...] mas faça uma aposta na
opção que Ele existe”. Em honra de suas contribuições científicas, o nome
Pascal foi dado à unidade SI de pressão, a uma linguagem de programação, à lei
de Pascal (um importante princípio da hidrostática), além do triângulo de
Pascal e da aposta de Pascal que também levam o seu nome.
Por mais que seja importante a questão proposta por
Pascal, não é simplesmente através de meios teóricos que se “conhece” a Deus. É
possível conhecer teoricamente “sobre” Deus, mas para se conhecer realmente a
Deus precisamos de uma experiência. Disse Jesus que Deus procura os verdadeiros
adoradores, adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4,23). É
algo que deve ocorrer de forma experimental, por cada pessoa, individualmente.
A Bíblia diz que Deus não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem ao
conhecimento da verdade (1 Tm 2, 4).
Pois, há um só Deus (único e verdadeiro), e um só
mediador (um único Salvador), entre Deus e os homens, um homem (o único sem
pecado), Cristo Jesus, que se deu em resgate de todos (1 Tm 2, 4-6). A salvação
é pela graça, fé e conhecimento da verdade (cf. Ef 2,8; 1Tm 4,3; 2 Tm 2,25; Tt
1,1-3). A graça de Cristo e o conhecimento da verdade são fundamentos para toda
a nossa vida (2 Pd 3,18). A verdade revelada em Cristo liberta o ser humano de
todo o ateísmo, de toda crença fantasiosa e de toda ideologia enganosa e
mortífera. O fatal vacilo do ser humano é apostar seu conhecimento só pela
razão e a felicidade tão somente na materialidade das coisas!
A CÚPULA
Na Estação Espacial Internacional,
apesar de estar cheia de equipamentos robóticos, há um ambiente especialmente
procurado. Trata-se da “Cúpula”, um
pequeno módulo com sete janelas, de onde os membros da tripulação podem
apreciar espetaculares vistas panorâmicas do nosso planeta. O astronauta americano Michael S. Hopkins, coronel católico pertencente
à Força Aérea, desejava ansiosamente ir à Cúpula, porque o que via lá o deixava
maravilhado. “Quando você vê a Terra daquela perspectiva e observa toda a
beleza natural que existe, é difícil não querer ficar lá e concluir que tem que
haver uma força suprema que criou tudo isso”, declarou Michael em sua viagem
espacial.
Pe. Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Sociólogo em Ciência da Religião
Irmãozinho da Visitação da Fraternidade de
Charles de Foucauld
E-mail: [email protected]