Sim, a Igreja é Santa: Explicação aos Evangélicos
Publicado em fevereiro 1, 2016
por Hellen
São Paulo nos diz em Hebreus 12,14 “Procurai a paz com todos e a
santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor“.
São Pedro 1, 15, repete tal conselho “sede também vós santos em todas as vossas
ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo (Lv 11,44). Os apóstolos ecoam
aquilo que o próprio Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição pregou,
a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos
seus discípulos, de qualquer condição: «sede perfeitos como vosso Pai celeste é
perfeito» (Mt. 5,48). Assim, a nossa fé católica crê que a Igreja é
indefectivelmente santa.
Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o
pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu
próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a
purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e
renovação». Todos os membros da Igreja […] devem reconhecer-se pecadores. Em
todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do
Evangelho até ao fim dos tempos. (Catecismo da Igreja Católica, 827)
Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é um com o Pai e o Espírito Santo»
, amou a Igreja como esposa, entregou-Se por ela, para a santificar (cfr. Ef.
5, 25-26) e uniu-a a Si como Seu corpo,
cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para
glória de. Deus. Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à
Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade, segundo a
palavra do Apóstolo: «esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (1 Tess.
4,3; cfr. Ef. 1,4). Esta santidade da Igreja incessantemente se manifesta, e
deve manifestar-se, nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis;
exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que, no seu estado de vida,
tendem à perfeição da caridade, com a edificação do próximo; aparece dum modo
especial na prática dos conselhos chamados evangélicos. A prática destes
conselhos, abraçada sob a moção do Espírito Santo por muitos cristãos, quer
privadamente quer nas condições ou estados aprovados pela Igreja, leva e deve
levar ao mundo um admirável testemunho e exemplo desta santidade. (Lumen
Gentium, Cap V)
O Apóstolo adverte-nos a que vivamos de acordo como convém a santos»
(Ef. 5,3), como eleitos e amados de Deus, e nos revistamos de entranhas de
misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e paciência» (Col. 3,12) e alcancemos
os frutos do Espírito para a santificação (cfr. Gál. 5,22; Rom. 6,22). E porque
todos cometemos faltas em muitas ocasiões (Tg. 3,2), precisamos constantemente
da misericórdia de Deus e todos os dias devemos orar: «perdoai-nos as nossas
ofensas» (Mt. 6,12) (1). É, pois, claro a todos, que os cristãos de qualquer
estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da
caridade (2). Na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de
vida mais humano. Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças
recebidas segundo a medida em que as dá Cristo, a fim de que, seguindo as Suas
pisadas e conformados à Sua imagem, obedecendo em tudo à vontade de Deus, se
consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim
crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo de Deus, como patentemente se
manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos.
Nos vários géneros e ocupações da vida, é sempre mesma a santidade cultivada
por aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus e, obedientes à voz do
Pai, adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem a Cristo pobre, humilde,
e levando à cruz, a fim de merecerem ser participantes da Sua glória. Cada um,
segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimentos pelo
caminho da fé viva, que estimula a esperança e que atua pela caridade. Todos os
fiéis se santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da
própria vida e através de todas elas, se receberem tudo com fé da mão do Pai Celeste
e cooperarem com a divina vontade, manifestando a todos, na própria atividade
temporal, a caridade com que Deus amou o mundo.
O catecismo da Igreja (CIC 825 ao 826) ensina, portanto, que «Na terra,
a Igreja está revestida duma verdadeira, ainda que imperfeita, santidade» Sendo
assim, mesmo a santidade perfeita de seus membros seja ainda algo a adquirir:
«Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual
for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada
um pelo seu caminho» .
A caridade é a alma da santidade à qual
todos são chamados: «É ela que dirige todos os meios de santificação, lhes dá
alma e os conduz ao seu fim»(302):
«Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo composto de diferentes
membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi
que a igreja tinha um coração, e
que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi
que só o Amor fazia agir os
membros da Igreja; que se o Amor se
apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires
recusar-se-iam a derramar o seu sangue… Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o
Amor é tudo, que abarca todos os tempos e lugares … numa palavra, que ele é
Eterno» (Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscrito
B).
Conclusão: A igreja é santa porque Cristo é Santo. Cristo a amou e
morreu para santificá-la. Enquanto Corpo Místico do Senhor, ela está unida a Ele
e é una com Ele; se a vinha é santa, seus galhos também o serão.
Fonte: Igreja
Militante
1.Cfr. S. Agostinho, Retract.
II, 18: PL 32, 637 s. Pio XII, Encícl. Mystici
Corporis, 29 jun. 1943: AAS 35 (1943) p. 225.
2. Cfr. Pio XI, Encícl. Rerum omnium,
26 jan. 1923: AAS 15 (1923) p. 50 e pp. 59-60. Encicl. Casti Connubii, 31 dez. 1930: AAS 22 (1930)