Qual o
Sentido da Vida?
Será o dinheiro, a fama, o poder,
a filosofia, o relativismo, a religião, a ciência e a tecnologia?
Num passado recente, dizia-se que
o avanço da ciência e o progresso tecnológico dariam solução em quase tudo. Vivemos
uma realidade dura demais. Agressões que chocam a nossa sensibilidade,
crueldade que choca o nosso senso de humanidade, violência que faz anestesiar a
mais competente das autoridades.
Somos assolados pela depressão,
pelo flagelo das drogas, pelo tráfico de armas, pelo terrorismo, pela tragédia
das guerras, da fome e da AIDS, pelos conflitos entre nações, pelo massacre de
etnias e pela perdição da supremacia racial. Vivemos a crise financeira
mundial, energética, hídrica, ética e religiosa. Vivemos o medo de uma guerra
nuclear, química e biológica, como também o medo pelo aumento assustador das
doenças mentais.
Diante de tantas desgraças e
maldades, podemos encontrar o sentido da vida? Esta pergunta é feita
constantemente por muita gente.
No seu livro, Em Busca de
Sentido: um psicólogo no campo de concentração, e criador da Logoterapia-terapia
do sentido da vida, Viktor E. Frankl escreveu que alguns de seus companheiros
que sobreviveram ao Holocausto se depararam com este tipo de pergunta depois
que foram libertados dos campos de concentração. Quando voltaram para casa,
alguns descobriram que seus parentes e amigos haviam morrido.
Frankl afirmou: “Não há nada no
mundo, arrisco-me a dizer, que surtiria tanto efeito em ajudar alguém a superar
mesmo as piores situações quanto saber que sua vida tem sentido”. Disse mais de
maneira magistral: “Podemos transformar a tragédia pessoal em triunfo”.
Muita gente questiona o sentido
da vida e uma das maiores dificuldades para entender porque estamos aqui e o
tal do sofrimento. Com sua larga experiência de sofrimento do horror nazista no
campo de concentração disse Frankl: “Se é que a vida tem sentido também o
sofrimento necessariamente o terá. Afinal de contas o sofrimento faz parte da
vida, de alguma forma, do mesmo modo que o destino e a morte”.
A razão humana busca resposta
profunda para o mistério do sofrimento e da morte. Os sábios sempre procuraram
responder sobre o sofrimento dos justos e a passagem curta do homem bom sobre a
terra. Segundo a Sagrada Teologia, a causa do sofrimento e da morte foi à
decisão errada tomada pelo primeiro casal no Jardim do Éden.
“Ninguém, ao ser tentado deve
dizer: “É Deus que me está tentando”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e
a ninguém tenta. Antes, cada qual é tentado pela própria concupiscência, que o
arrasta e seduz. Em seguida a concupiscência, tendo concebido, dá a luz, o
pecado, e o pecado, atingindo a maturidade, gera a morte” (Tg 1,13-15).
Pelo pecado o ser humano tem
realizado todo tipo de crueldade, tentando assim, minar o sentido da vida.
Graças a Deus, pelo dom da santíssima fé e pela Cruz de Cristo que nos dá
sentido a vida e a morte torna-se passagem para vida eterna.
“Todo dom precioso e toda dádiva
perfeita vem do alto e desce do Pai das luzes” (Tg 1,16). Se o coração do ser
humano fosse recipiente para toda dádiva perfeita de Deus, nós não teríamos tantas
infelicidades que nos assolam.
SOMENTE O AMOR
Costuma-se comparar a vida a uma
jornada. Levar a vida sem saber seu real objetivo é como começar uma vigem sem
ter um destino em mente. Se agir assim, você corre o risco de cair na armadilha
que o ilustre escritor Stephen R. Covey descreve “como a correria da vida”.
Ele escreveu sobre pessoas que “conquistam vitórias que se mostram vazias”.
Frieder Burda, mecenas das artes
e sócio de um grande conglomerado da mídia alemã, concluiu resignado: “Comprei
um grande iate para viajar pelos mares. Que aborrecimento! Nesse iate não vivi
nem um dia feliz. Só gastei dinheiro, sem sentido, sem rumo; isto não traz
conteúdo à vida. É a mais pura monotonia”.
A poetisa Käthe Walter escreveu
contrastando as palavras de Burda: “Só isto traz sentido à vida na terra:
tornar-se algo para a glória de Deus e iluminar o caminho dos outros com a luz
vinda de fontes eternas”.
O nosso único objetivo para dar
sentido à vida é somente o amor a Deus e ao próximo.
O amor é o poder que nos faz
suportar todo tipo de adversidades. É a luz que nos faz enxergar novos
horizontes. Amor faz muito bem a vida do que todo tesouro do mundo, é a energia
para as grandes realizações e o gozo abissal para o coração. Com certeza, é a
fonte do nosso viver, da nossa sensibilidade e da glória da dignidade da pessoa
humana.
CONCLUSÃO
Infelizmente, as pessoas são
enganadas pela ilusão do dinheiro, do poder, da fama e do prazer efêmero. Quantas
pessoas não se perdem pelas fantasias mundanas? E outras tantas cavam a sua
própria sepultura por meio do seu egoísmo, ganância, arrivismo e salazes
delitos.
As forças do mal cegam as pessoas, para caírem no abismo.
Elas dão lugar para tal, devido a seus erros em escolher mal o caminho. Tornando-se
vitimas das próprias armadilhas e do inimigo se perguntam: Qual o sentido da
vida? E a resposta é: viver radicalmente para o bom Deus e para o Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo em solidariedade ao próximo. Só podemos viver bem, na
riqueza de nossa vida, na dimensão do amor e do conhecimento. É o amor que dá
real sentido a vida e o conhecimento completa o progresso da nossa felicidade.
Tudo na vida só terá construção sólida
permanente e duradoura se o fundamento da obra for o amor. O nosso mais
profundo ser clama por amor para que a nossa vida possa viver com sentido aqui
e para sempre.
Pe. Inácio José do
Vale
Professor, escritor
e conferencista
Sociólogo em Ciência
da Religião
Religioso da
Fraternidade da Visitação de Charles de Foucauld
E-mail: [email protected]