EUCARISTIA, AÇÃO TRANSFORMADORA
POR SÃO GREGÓRIO DE NISSA
A eucaristia é presença viva de Cristo, de
transformação interior de uma realidade de pecado para uma realidade de graça e
de amor. Assim, a carne e o sangue do verbo, que estão no alimento eucarístico,
são fortes para aqueles que os provam, desejáveis para aqueles que os desejam,
amáveis para aqueles os amam (1).
Quem toma o corpo do Senhor e bebe o seu sangue é
transformado da condição pior em que ele estava anteriormente, para uma melhor
e exultante, porque Cristo é a alegria de Deus; é a força da pessoa para
aqueles que se encontram desanimados e tristes na vida. Por isso mesmo, é uma
presença transformadora, jubilosa. A eucaristia não deixa a pessoa como era
antes. Sendo um dom recebido com fé, purifica o seu interior. O Nisseno tem
presente a passagem dos Atos dos Apóstolos (cf. At 10,15), onde se diz que não
há nada de impuro naquilo que Deus purifica e tenha ligação com a eucaristia.
Quem prova do corpo e do sangue de Cristo sente-se diferente, alegre,
interiormente purificado, graças à presença de Cristo, do Pai e do Espírito
Santo os quais fortalecem o ser humano em suas vidas. Ora, a eucaristia exprime
um testemunho de vida na realidade em que vive o cristão. Bem importantes são
as palavras do apóstolo Paulo afirmando que quem come o corpo do Senhor e bebe
o seu sangue de uma forma indigna come e bebe nos alimentos sagrados a sua
própria condenação (cf. 1 Cor 11,29). No entanto quem faz a vontade de Deus
possui condições de se alimentar dos alimentos salutares, espirituais. Por
isso, ele mesmo chama de irmãos aqueles que são dignos desse alimento; quem faz
a sua vontade é chamado por Cristo de irmão, irmã e mãe (cf. Mc 3,35) (2).
Escreve o bem-aventurado Charles de Foucauld: “Jesus é
o nosso modelo único e o amor da Santa Eucaristia que é o bem infinito e o
nosso tudo”, (Carta ao Padre Caron, 11 de março de 1909).
Seu amor pela Santa Eucaristia é expresso de forma
esplêndida: “Quando se ama, não nos parece bem empregado todo o tempo que
passamos ao pé de quem se ama? Não é este o tempo mais bem empregado, salvo
quando a vontade ou bem-estar do Ser amado nos chama a outra parte? Onde quer
que exista a santa Hóstia, está o Deus vivo, está o teu Salvador tão real como
está agora no Céu. Nunca percas uma comunhão por tua culpa. A comunhão é mais
que a vida, mais que todos os bens do mundo, mais que o Universo inteiro. A
comunhão é o próprio Deus, sou Eu, Jesus”. (Retiro em Nazaré, 1897. Textos
Espirituais p. 88).
Toda nossa vida de fé tem como fundamento a mesa da
Palavra e a mesa da Eucaristia. Esses alimentos nos sustentam até que Jesus
venha (1 Cor 11, 26). É muito importante frisar que o sentido de vida plena que
se dá nesse mistério é o nosso amor ao Cristo Salvador.
Pe. Inácio José do Vale
Irmãozinho da Visitação de Charles de Foucauld
E-mail: [email protected]
Notas:
(1) Cf. Gregorio Di Nissa, Omeliesull’eclesiaste,
Traduzione, Introduzione e Note a cura di S. Leanza, Roma: CittàNuovaEditrice,
1990, p. 165.
2) Cf. Gregorio Di Nissa, Omelie sul
Cantico dei Cantici, Introduzione e Note a cura di C. Morreschini, Roma:
CitÀNuovaEditrice, p. 218-219.