Cinco santos que lutaram contra os demônios
Piero di Cosimo (1462-1521), Santo Antão,
National Gallery of Art, Washington, DC
O mundo espiritual é real e nele ocorrem verdadeiros combates. Em
algumas partes da bíblia são mencionadas as lutas que existem contra o demônio
e a carne, porque quanto mais próxima a Deus a pessoa, mais será tentada.
A seguir, foram selecionadas algumas histórias pela página ChurchPop.com;
o objetivo destas histórias não é gerar medo, mas serve como advertência de que
Satanás e as tentações ao pecado são reais, embora geralmente não sejam
visíveis.
Antes queremos deixar duas passagens bíblicas para entender melhor
o contexto: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às
ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de
lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares.
(Efesios.6, 11-12)
“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor
de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar”. (1 Pedro 8)
1) Santo Antão ‘o Grande’: “O leão rugia, desejando atacar”
Este santo viveu durante os séculos III e IV. Foi um dos primeiros
monges a retirar-se ao deserto para viver entregue ao jejum e à oração. A
Igreja conhece sua história graças ao seu biógrafo São Atanásio.
“Quando visitávamos Santo Antão nas ruínas onde vivia escutava
tumulto, muitas vozes e o choque de armas. Também viam que durante a noite
apareciam bestas selvagens e o santo combatia contra elas através da oração”,
conta Atanásio.
Numa certa ocasião, aos seus 35 anos, Santo Antão decidiu passar a
noite sozinho numa tumba abandonada. Então apareceu ali um grupo de demônios e
o feriram. Os arranhões do demônio lhe impediram levantar-se do chão. O ermitão
comentava que a dor causada por essa tortura demoníaca não podia ser comparada
com nenhuma ferida causada pelo homem.
No dia seguinte, um amigo seu o encontrou e o levou ao povoado
mais próximo para curá-lo. Entretanto, quando o santo recuperou os sentidos
pediu ao seu amigo que o levasse de volta à tumba. Ao deixá-lo, Santo Antão
gritou: “Sou Antão e aqui estou. Não fugirei de suas chicotadas e de nenhuma
dor ou tortura me separará do amor de Cristo”. São Atanásio relata que os
demônios retornaram e ocorreu o seguinte:
Escutou-se uma trovoada, parecia o barulho de um terremoto, que
sacudiu o lugar inteiro e os demônios saíram das quatro paredes em formas
monstruosas de animais e répteis. O lugar desta maneira ficou cheio de leões,
ursos, leopardos, touros, serpentes, víboras, escorpiões e lobos. O leão rugia,
querendo atacar; o touro se preparava para atacar com seus chifres; a serpente
se arrastava procurando um lugar de ataque e o lobo rosnava ao redor dele. Todos
estes sons eram assustadores.
Embora Santo Antão arquejasse de dor, enfrentou os demônios
dizendo: “se vocês tivessem algum poder, bastava que somente um de vocês
viesse, mas como Deus os criou fracos, vocês querem me assustar com a
quantidade de demônios: e o que comprova a sua debilidade é que adotaram a
forma de animais irracionais”.
“Se forem capazes, e se tiverem recebido um poder de ir contra
mim, ataquem-me de uma vez. Mas se não são capazes, porque me perturbam em vão?
Porque minha fé em Deus é meu refúgio e a muralha que me salva de vocês”.
De repente, o teto do lugar foi aberto e uma luz brilhante
iluminou a tumba. Os demônios desapareceram e as dores pararam. Quando percebeu
que Deus o salvou, ele rezou: “Onde estavas? Por que não apareceste desde o
começo e me liberaste das dores? ”.
Deus respondeu-lhe: “Antão, eu estava ali, mas esperei para ver-te
brigar. Vi como perseveraste na luta, e não caíste, sempre estarei disposto a socorrer-te
e o teu nome será conhecido em todas partes”.
Depois de escutar as palavras do Senhor, o monge se levantou e
orou. Então recebeu tanta força que sentiu que no seu corpo tinha mais poder do
que antes.
2) São Padre Pio: “Estes demônios nunca deixam de golpear-me”
Foi um sacerdote italiano que nasceu no final do século XIX e
morreu em 1968. Embora realizasse muitos milagres e recebesse os estigmas, o
Padre Pio também sofreu ataques frequentes do demônio.
Segundo o Pe Gabriele Amorth, famoso exorcista da diocese de Roma,
“a grande e constante luta na vida do santo foi contra os inimigos de Deus e as
almas, pois tratou de capturar sua alma”. Desde sua juventude o Padre Pio teve
visões celestes, mas também sofreu ataques infernais. O Pe. Amorth explica:
“O demônio aparecia algumas vezes em forma de um gato negro e
selvagem, ou de animais repugnantes: era clara a intenção de incutir o terror.
Outras vezes aparecia na forma de jovens moças nuas e provocativas, que
dançavam de modo obsceno; era clara a intenção de tentar o jovem sacerdote na
sua castidade. Entretanto, o pior perigo era quando Satanás tentava enganar
Padre Pio aparecendo como se fosse seu diretor espiritual ou aparecendo em
forma de Jesus, da Virgem ou de São Francisco”.
Esta última estratégia, quando o diabo aparecia em forma de alguém
bom e santo, era um problema. Isso aconteceu quando o Padre Pio percebeu que as
visões eram falsas: notou certa timidez quando a Virgem e o Senhor lhe
apareceram, seguida de uma sensação de paz quando a visão terminou. Além disso,
disfarçado de uma forma sagrada, o diabo lhe provocou um sentimento de alegria
e atração, mas quando ia embora, ele ficava triste e arrependido.
Satanás também buscava feri-lo fisicamente. O sacerdote descreveu
estas dores em uma carta à um irmão, quem era seu confidente:
“Estes demônios nunca deixam de atacar-me, inclusive fazem com que
eu caia da cama. Também rasgam minhas vestimentas para açoitar-me! Mas já não
me assustam porque Jesus me ama e ele sempre me levanta e me coloca novamente
na minha cama”.
O Padre Pio é testemunho de que se uma pessoa estiver perto de
Deus não terá que temer a presença do demônio.
3) Santa Gemma Galgani: “Suas garras brutais”
Esta Santa italiana foi uma mística que teve experiências
espirituais maravilhosas.
Numa carta dirigida a um sacerdote escreveu: “Durante dois dias,
depois de receber a Santa Comunhão, Jesus me disse: “minha filha, em breve o
diabo começará uma guerra contra ti”. Estas palavras são repetidas
constantemente no meu coração. Reze por mim por favor”.
Ela percebeu que a oração era a melhor maneira de defender-se
contra os ataques do demônio. Em vingança, Satanás lhe atacava com fortes dores
de cabeça para impedir que dormisse. Entretanto, apesar das fadigas Gema
perseverou na oração:
“Quantos esforços este miserável faz para que eu não rezasse.
Ontem tentou me matar, e quase conseguiu, mas Jesus veio e me salvou. Estava
assustada e mantive a imagem de Cristo na minha mente”.
Uma vez, enquanto a Santa escrevia uma carta, o diabo agarrou a
caneta das suas mãos, rasgou o papel e tirou a santa da cadeira onde estava
sentada, agarrando-a pelos cabelos com a violência das suas “garras ferozes”.
Ela descreve outro ataque em um dos seus escritos: “O demônio se
apresentou diante de mim como um gigante e me dizia: ‘Para ti já não existe
esperança de salvação. Estás nas minhas mãos! ’ Eu lhe respondi que Deus é
misericordioso e, portanto, nada temo. Então me bateu na cabeça e me disse:
‘Maldita seja! ’, e logo desapareceu”.
“Quando voltei para minha habitação para descansar, encontrei
novamente o demônio e começou a golpear-me com uma corda com vários nós, e
queria que eu gritasse que era fraca. Disse-lhe que não, e me bateu tão forte,
que caí de cabeça no chão. Naquele momento pensei em invocar a Jesus: Pai
eterno, em nome do preciosíssimo sangue de Jesus, livrai-me! ”.
“Não me lembro bem o que aconteceu. A besta me arrastou da minha
cama e bateu na minha cabeça com tanta força que ainda estou dolorida. Perdi os
sentidos e caí no chão, logo despertei. Graças a Deus! ”
Apesar dos ataques, Santa Gemma sempre teve fé em Jesus. Inclusive
utilizava o humor contra Satanás. Uma vez escreveu a um sacerdote: “Tinha que
ver, quando satanás fugia fazendo caretas, você morreria de rir! É tão feio!
Mas Jesus me disse que não deveria temer”.
4) São João Maria Batista Vianney: “Faz porque eu converto muitas
almas para o bom Deus”
O Santo Padre de Ars nasceu na França no ano 1786. Foi um grande
pregador, fazia muitas mortificações, foi um homem de oração e caridade. Tinha
um dom especial para a confissão. Por isso, vinham pessoas de diferentes
lugares para confessar-se com ele e escutar seus santos conselhos. Devido a seu
frutífero trabalho pastoral foi nomeado padroeiro dos sacerdotes. Também
combateu contra o maligno em várias ocasiões.
Uma vez, sua irmã passou a noite na sua casa, localizada ao lado
da igreja. Durante a noite ela escutou raspões na parede. Foi ver o seu irmão
Vianney, que estava confessando, e lhe explicou:
“Minha filha, não temas: é o resmungão. Ele não pode machucar-te.
Ele me procura da maneira mais atormentadora possível. As vezes agarra os meus
pés e me arrasta pelo quarto. Ele faz isto, porque eu converto muitas almas
para o bom Deus”.
O demônio fazia ruídos durante horas, parecidos aos cristais,
assobios e relinchos. Inclusive ficava sob a janela do santo de Ars e gritava.
Seu propósito era não deixar que o sacerdote dormisse, para ficar cansado e não
ficar horas no confessionário, onde salvava muitas almas das garras do maligno.
Em outra ocasião, enquanto o sacerdote de Ars se preparava para
celebrar a missa, um homem lhe disse que seu dormitório estava pegando fogo.
Qual foi sua resposta? “O Resmungão está furioso. Quando não consegue pegar o
pássaro, ele queima a sua gaiola”. Entregou a chave para aqueles que iam ajudar
a apagar o fogo. Sabia que Satanás queria impedir a missa e não o permitiu.
Deus premiou sua perseverança diante das provações com um poder
extraordinário que lhe permitia expulsar demônios das pessoas possuídas.
5) Santa Teresa de Jesus: “Seus chifres estavam ao redor do
pescoço do sacerdote enquanto celebrava missa”
Esta reconhecida doutora da Igreja e mística teve muitas visões
espirituais. Durante suas orações e meditações, o demônio lhe aparecia.
“Uma forma abominável”, escrevia, “sua boca era horrorosa”. “Não
tinha sombra, mas estava coberto pelas chamas de fogo”.
O demônio lhe causava também fortes dores corporais. Numa ocasião
a atormentou durante cinco horas enquanto estava em oração com suas irmãs. A
Santa permaneceu firme para não as assustar.
Um dia “viu com os olhos da alma dois diabos que tinham seus
chifres ao redor do pescoço do sacerdote enquanto celebrava missa”.
Inclusive para ela, estas visões eram estranhas. “Poucas vezes vi
o demônio em forma corporal, frequentemente não vejo sua aparência física, mas
sei que está presente.
Quais eram suas armas contra as forças do mal?
A oração, a humildade e a água bendita. Santa Teresa dizia que
esta última era uma arma eficaz.
Uma vez estava num oratório e o demônio apareceu ao meu lado
esquerdo. Ele me disse que agora me livrei das suas mãos, mas que ele me
capturaria novamente. Ela se assustou e se benzeu. Entretanto, Satanás
continuou perturbando-a e Teresa tomou um frasco de água benta e derramou a
água sobre ele. Depois desse dia ele nunca mais voltou.
DAVID
Fonte: ACI