A Igreja Em Saída
“A
primeira motivação para evangelizar é o amor que
recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por ele
que nos impele a amá-Lo cada vez mais”,
Papa Francisco (EG, n. 264).
O Papa Francisco chama todos os
batizados a uma conversão missionária. O mandato
missionário recebido de Jesus Cristo (cf. Mt 28,19-20) pede
uma Igreja em saída para testemunhar a alegria do evangelho,
da vida em Jesus Cristo. Diz o Papa: “Não quero uma
Igreja preocupada com ser o centro”; e ainda: “Mais do
que temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos
nas estruturas que nos dão uma falsa proteção”
(1).
Quando esteve no Rio de Janeiro, a partir da imagem dos
discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-15), falou sobre que
atitude espera da Igreja em relação às pessoas
que experimentam desorientação e um vazio interior na
sociedade, até em decorrência de decepções
religiosas. São provocações desafiadoras:
Uma Igreja que não tenha
medo de entrar na noite deles;
Uma Igreja capaz de
encontrá-los no seu caminho;
Uma Igreja capaz de inserir-se
na sua conversa;
Uma Igreja que saiba dialogar
com aqueles que vagam sem meta, com desencanto, desilusão,
até
mesmo do cristianismo;
Uma Igreja capaz de acompanhar
o regresso a Jerusalém (2).
Nasceu
em Saída
“Católica
significa universal. (...) Se a Igreja nasceu Católica, quer
dizer que nasceu “em saída”, que nasceu
missionária. Se os apóstolos tivessem permanecido ali
no Cenáculo, sem sair para anunciar o Evangelho, a Igreja
seria apenas daquele povo, daquela cidade, daquele Cenáculo.
Mas todos saíram pelo mundo a fora, desde o instante do
nascimento da Igreja, da descida do Espirito Santo sobre eles. Por
isso a Igreja nasceu “em saída”, ou seja,
missionaria. É isto que dizemos quando a qualificamos como
apostólica, porque o apóstolo é quem anuncia a
Boa Nova da ressurreição de Jesus. (...) É
precisamente o Espírito que nos leva ao encontro dos irmãos,
até daqueles mais distantes em todos os sentidos, para que
possam compartilhar conosco o amor, a paz e a alegria que o Senhor
ressuscitado nos concedeu”, afirma o Papa Francisco
(3).
Evangelização
Integral
São
Vicente de Paulo, quando falava de evangelização com
palavra e com obra, falava da necessidade de uma evangelização
integral por meio do testemunho, da proclamação da
palavra de Deus e da promoção humana. “São
Vicente de Paulo estava convencido de que dizemos e o que fazemos
devem reforçar-se mutuamente. O testemunho autentica as
palavras. O que dizemos tem crédito se nossas ações
assim o mostrarem. Em outras palavras, São Vicente de Paulo vê
o testemunho, o serviço, a pregação e o
ensinamento como complementos um do outro, mostrando a integralidade
da evangelização” (4).
O Papa Paulo VI dizia que “na
libertação que a evangelização anuncia e
se esforça por atuar, é necessário dizer antes o
seguinte: ela não pode ser limitada à simples e
restrita dimensão econômica, política, social, e
cultural: mas deve ter em vista a pessoa humana como um todo,
integralmente, com todas as suas dimensões, incluindo a sua
abertura para o absoluto, mesmo o absoluto de Deus.” (5).
Nosso Senhor Jesus Cristo disse:
“ser-me-eis testemunhas... até aos confins da terra”
(At 1,8). Estas foram às últimas palavras que falou aos
seus discípulos antes de deixá-los.
São Pedro Apóstolo
fala dessa missão em termos bastante elevados: “Mas vós
sois a geração eleita, o sacerdócio real, a
nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz” (1 Pd 2,9).
Mediante o testemunho de suas
vidas, e não só de suas palavras, os cristãos
deveriam apresentar o Senhor Jesus aos homens. Muito mais que
‘doutrinas’, ‘liturgias’, ‘estruturas’
deveriam manifestar em todo tempo o Cristo vivo que habita neles.
Esse é o verdadeiro cristianismo em ação
missionária.
A Igreja em saída é
uma Igreja que tem em seus evangelizadores e missionários o
autêntico testemunho de discípulos apaixonados por Jesus
Cristo e ferramentas eficazes de proclamar a Boa Nova do reino de
Deus de forma dinâmica, renovada e avivada!
Pe. Inácio José do Vale
Professor de Historia da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
E-mail: [email protected]
Notas:
Exortação
Apostólica Evangelii Gaudium,
n. 49.
Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2015:
Texto-Base. Brasília, Edições CNBB, 2015, p.
73.
Papa
Francisco, Audiência Geral 17/09/2014.
Maloney
Robert, in. Sementes de Esperança – histórias de
Mudanças de Estruturas, Coleção Vicentina, n°
31, 2009, p. 23.
Paulo
VI, Exortação Apostólica – Evangelii
Nuntiandi, A Evangelização no
mundo contemporâneo, n. 33.
|