PELA UNIDADE DA IGREJA
“Não é o Senhor
Jesus que faz a divisão! Quem faz a divisão é precisamente o Invejoso, o rei da
inveja, o pai da inveja: aquele semeador de joio, Satanás” - Papa Francisco (1).
O Corpo de
Cristo foi dividido entre ortodoxos e católicos há quase 1000 anos. Os
Protestantes separaram-se dos católicos há cerca de 500 anos atrás. Em
seguida, os protestantes se dividiram em milhares de denominações dentro do
quais existem muitas outras divisões e subdivisões. Nós sempre vivemos numa Igreja
profundamente dividida, o Corpo de Cristo terrivelmente fragmentado. Será que
não vamos contemplar uma Igreja unida?
Não podemos,
não devemos e não queremos viver na desunião. É difícil para nós entendermos a
oração sacerdotal de Jesus Cristo, que desejava que nos tornássemos um só como
ele e o pai são um (Jo 17,21). No entanto, o Senhor Jesus está nos chamando
para “fazermos todos os esforços possíveis para preservar essa unidade” que
temos de restaurar a unidade que nós perdemos (Ef 4,3). Devemos deixar a nossa
oferta diante do altar e ir nos reconciliar com nossos irmãos e irmãs (Mt 5,23).
Temos a responsabilidade de corrigir aqueles que nos ofenderam e também estar
abertos á correção se tivermos injustiçado os outros (Mt 18,15). Além disso,
devemos ser pacificadores (Mt 5,9) ministros da reconciliação (2Cor 5,18) e
testemunhas (Mt 18,16), a fim de ajudarmos os outros a resolver as suas
divergências. Se necessário, devemos chamar os nossos pastores para trazer unidade
a situações problemáticas (Mt 18,17). Estes meios para restaurar a unidade
podem parecer extremos, mas não se tivemos o coração do Senhor Jesus em meio ao
seu Corpo quebrado, a Igreja (2).
Crescendo Em Comunhão
“Pois aqueles
que creem em Cristo e foram devidamente batizados estão em certa comunhão,
embora não perfeita, com a Igreja Católica. De fato, as discrepâncias que de
vários modos existem entre eles e a Igreja Católica, quer em questões
doutrinais e, às vezes, também disciplinares, quer acerca da estrutura da Igreja,
criam não poucos obstáculos, por vezes muito graves, á plena comunhão
eclesiástica. O movimento ecumênico visa superar esses obstáculos” (UR 3).
Escreve o
Cardeal Walter Kasper: “Os cristãos podem dizer com alegria e gratidão que “o
que nos une é bem mais do que o que nos divide”. Todos os cristãos professam fé
em Deus Pai Todo-Poderoso, em Jesus Cristo, filho de Deus e Salvador, no Espírito
Santo, intercessor, doador de vida e santidade. Através do sacramento do
batismo, eles são renascidos e unidos em Cristo. Honram a Sagrada Escritura
como palavra de Deus e como norma a ser seguida na fé e na ação. Eles são
parceiros na oração e utilizam muitas outras fontes comuns de vida espiritual.
Muitos cristãos se alegram com o episcopado, celebram a Eucaristia e cultiva
devoção a Maria, a Virgem Mãe de Deus. O poder santificador do Espírito Santo
opera entre eles, fortalecendo-os em santidade. É o Espírito Santo que tem dado
coragem aos cristãos de muitas denominações quando enfrentam perseguição, mesmo
até o martírio. Esses elementos de comunhão “que provêm de Cristo e a ele
conduzem pertencem por direito á única Igreja de Cristo” (3).
Na dimensão ecumênica,
a Igreja, o Corpo de Cristo, ganha a força abissal de testemunhar as
transformações merecidas no contexto social, politico, cultural e religioso. É
o tal fator coesão. Por uma Igreja unida em missão, significa uma unidade na
verdade do Evangelho, na libertação social e na salvação das almas. O grande
acontecimento que o mundo espera e pelo qual as grandes mudanças no cenário
universal vão ser a partir da unidade da Santa Igreja de Deus.
“Que eles
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).
Oremos:
Pai, que eu me disponha a orar diariamente e até ao dia da minha morte pela
volta da unidade da tua Igreja (cf. Encíclica do Papa João Paulo II, Que eles
sejam um, 102).
Pe. Inácio Jose do Vale
Professor de História da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
Email: pe.i[email protected]
Notas:
(1)
L’osservatore
Romano, 07-14/08/2014, p. 11.
(2)
Um pão, Um Corpo,
agosto-setembro de 2014, p. 14.
(3)
Kasper, Walter.
Guia para uma espiritualidade ecumênica. São Paulo: paulinas, 2007, p. 11.