Igreja, Bíblia e Revelação
1. Por amor, Deus revelou-Se e deu-Se ao homem. Dá assim uma
resposta definitiva e superabundante às questões que o homem se põe a si
próprio sobre o sentido e o fim da sua vida.
2. Deus revelou-Se ao homem, comunicando-lhe gradualmente o
seu próprio mistério, por ações e por palavras.
3. Além do testemunho que dá de Si mesmo através das coisas
criadas, Deus manifestou-Se a Si próprio aos nossos primeiros pais. Falou-lhes
e, depois da queda, prometeu-lhes a salvação (Cf. Gn 3, 15) e ofereceu-lhes a
sua aliança.
4. Deus concluiu com Noé uma aliança eterna entre Si e todos
os seres vivos (Cf. Gn 9, 16.). Essa aliança durará enquanto durar o mundo.
5. Deus escolheu Abraão e concluiu uma aliança com ele e os
seus descendentes. Fez deles o seu povo, ao qual revelou a sua Lei por meio de
Moisés. E preparou-o, pelos profetas, a acolher a salvação destinada a toda a
humanidade.
6. Deus revelou-Se plenamente enviando o seu próprio Filho,
no qual estabeleceu a sua aliança para sempre. O Filho é a Palavra definitiva
do Pai, de modo que, depois d’Ele, não haverá outra Revelação. A Imagem de
Cristo retrata o entendimento da Igreja sobre a Escritura Sagrada – Cristo o
Verbo Divino ensina em si a Palavra de Deus e confere aos Seus Apóstolos e sucessores,
a autoridade para Transmitir esses ensinamentos.
7. O que Cristo confiou aos Apóstolos, estes o transmitiram,
pela sua pregação e por escrito, sob a inspiração do Espírito Santo, a todas as
gerações, até a vinda gloriosa de Cristo.
8. «A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um
único depósito sagrado da Palavra de Deus» (II Concílio do Vaticano, Const.
dogm. Dei Verbum, 10: AAS 58 (1966) 822), no qual, como num espelho, a Igreja
peregrina contempla Deus, fonte de todas as suas riquezas. Revelação = Igreja +
Bíblia.
9. «Na sua doutrina, vida e culto, a Igreja perpetua e
transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é, tudo aquilo em que
acredita» (II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 8: AAS 58 (1966)
821).
10. Graças ao sentido sobrenatural da fé, o povo de Deus, no
seu todo, não cessa de acolher o dom da Revelação divina, de nele penetrar mais
profundamente e de viver dele mais plenamente.
11. O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus
foi confiado unicamente ao Magistério da Igreja, ao Papa e aos bispos em
comunhão com ele.
12. Omnis Scriptura divina unus liber est, et ille unus liber
Christus est, «quia omnis Scriptura divina de Christo loquitur; et omnis
Scriptura divina in Christo impletur» – Toda a Escritura divina é um só livro,
e esse livro único é Cristo, «porque toda a Escritura divina fala de Cristo e
toda a Escritura divina se cumpre em Cristo» (Hugo de São Vítor, De arca Noe
II, 8: PL 176, 642: cf. Ibid. 2. 9: PL 176, 642-643.).
13. «As Sagradas Escrituras contêm a Palavra de Deus; e, pelo
fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a Palavra de Deus».
14. Deus é o autor da Sagrada Escritura, ao inspirar os seus
autores humanos: age neles e por eles. E assim nos dá a garantia de que os seus
escritos ensinam, sem erro, a verdade da salvação (II Concílio do Vaticano,
Const. dogm. Dei Verbum, 11: AAS 58 (1966) 822-823).
15. A interpretação das Escrituras inspiradas deve, antes de
qualquer coisa, estar atenta ao que Deus quer revelar, por meio dos autores
sagrados, para nossa salvação. O que vem do Espírito não é plenamente entendido
senão pela ação do Espírito (Cf. Orígenes, Homiliae in Exodum 4, 5: SC 321, 128
(PG 12, 320).
16. A Igreja recebe e venera, como inspirados, os 46 livros
do Antigo e os 27 do Novo Testamento.
17. Os quatro evangelhos ocupam um lugar central, dado que
Jesus Cristo é o seu centro.
18. A unidade dos dois Testamentos deriva da unidade do plano
de Deus e da sua Revelação. O Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que o
Novo dá cumprimento ao Antigo. Os dois esclarecem-se mutuamente; ambos são
verdadeira Palavra de Deus.
19. «A Igreja sempre venerou as Divinas Escrituras, tal como
o próprio Corpo do Senhor» ambos alimentam e regem toda a vida cristã. «A vossa
Palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos» (Sl 119, 105)
(Cf. Is 50, 4.).
20. O crente deve, portanto, ouvir a Igreja e seu
discernimento sobre a Revelação Divina.
Fonte: www.igrejamilitante.wordpress.com.