O SEGREDO DE FÁTIMA
Dom Fernando Arêas
Rifan (*)
Domingo passado,
com o dia das mães, celebramos o 95o aniversário da primeira de uma
série de aparições de Nossa Senhora a três pobres crianças, pastores de
ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e
chegou ao Brasil. E são sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e
seu ensinamento.
O segredo da importância e da
difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente
todos os problemas atuais. E aquelas três pobres crianças foram os portadores do
“recado” da Mãe de Deus para o Papa, os governantes, os cristãos e não cristãos
do mundo inteiro.
Ali, Nossa Senhora nos alerta contra
o perigo do materialismo comunista e seu esquecimento dos bens espirituais e
eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na
sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo
prático, o secularismo.
“A Rússia vai espalhar os seus erros
pelo mundo”, advertiu Nossa Senhora. A Rússia tinha acabado de adotar o
comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista. Se o
comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e
penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também
adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana,
adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre
isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o
Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências
dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito
da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas
destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas
sobrenaturais aos homens de hoje.
Aos pastorinhos e a nós, Nossa
Senhora pediu a oração, sobretudo a reza do Terço do Rosário todos os dias, e a
penitência, a mortificação nas coisas agradáveis e lícitas, pela conversão dos
pecadores e pela nossa santificação e perseverança.
Explicou que o pecado, além de
ofender muito a Deus, causa muitos males aos homens, sendo a guerra uma das
consequências do pecado. Lembrança muito válida, sobretudo hoje, quando os
homens perderam o senso do pecado e o antidecálogo rege a vida moderna.
Falou sobre o Inferno - cuja visão
aterrorizou sadiamente os pastorinhos e os encheu de zelo pela conversão dos
pecadores –, sobre o Purgatório, sobre o Céu, sobre a crise que sofreria a
Igreja, com perseguições e martírios.
Enfim, Fátima é o
resumo, a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O
Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres”. Assim, sua
mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.
(*) Bispo da Administração
Apostólica Pessoal, São João Maria Vianney