PERGUNTE E RESPONDEREMOS 549 – março 2008
Ampla
repercussão:
TONY BLAIR SE
CONVERTE AO CATOLICISMO
Em
síntese: A conversão de Tony Blair reveste
significado especial, pois ocorreu num país, cujo monarca foi declarado chefe
da Igreja local ou anglicana. Revela coragem e convicção da parte de alguém que
se comportou até hoje como honesto e digno.
Eis
o que nos refere o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO aos 23/12/07:
"Tony Blair se converte à Igreja Católica
O
ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair se converteu ao catolicismo, informou
ontem a rede BBC. O ex-líder trabalhista abandonou o anglicanismo e, na sexta-feira
à noite (21/12/2007), passou a professar a fé de sua mulher, Cherie, afirmou
seu porta-voz à rede britânica. O cardeal Cormac Murphy-O'Connor saudou a
decisão de Blair, que atualmente é enviado de paz do Quarteto de Madri (EUA,
Rússia, ONU e União Européia) para o Oriente Médio. "Há muito tempo ele
vem regularmente à missa com sua família e, nos últimos meses, seguiu um
programa de formação para prepará-lo para a integração total", disse o
cardeal.
O
significado deste acontecimento é ilustrado pelo mesmo jornal aos 27/12/07:
"Durante
séculos, a Inglaterra foi impregnada pelo protestantismo político, no sentido
de antipatia pela Igreja Romana. Em 1780, Londres foi varrida pelos tumultos do
movimento 'Não ao Papismo' (comandado por lorde George Gordon, criador da
Associação Protestante e que se rebelou porque o Parlamento rejeitou sua
proposta de revorgar a lei que livrava os católicos de certas punições a eles
impostas desde o reinado de William III).
E,
em 1850, lorde John Russell tentou impedir o restabelecimento de uma hierarquia
católica na Inglaterra. Essa tradição se estendeu por mais tempo do que se
podia imaginar.
Em
1945, o Partido Trabalhista ganhou uma eleição com uma maioria esmagadora (para
o espanto do derrotado Churchill) abrangendo todos os distritos industriais e
grandes cidades, com uma única exceção. O Partido Trabalhista conquistou um
grande eleitorado irlandês católico, enquanto os conservadores se apegaram aos
seus eleitores ultraprotestantes. E foi naquele ano de triunfo dos trabalhistas
que os conservadores ainda assim conquistaram uma maioria de assentos em
Liverpool (cidade natal de Cherie Booth Blair), graças ao 'eleitorado laranja',
anticatólico.
Hoje
em dia, esse tipo de sentimento praticamente despareceu fora da Irlanda do
Norte e não haverá nenhuma manifestação veemente contra o ilustre
recém-convertido a Roma. Mesmo assim, o que Tony Blair tem dito é que sua força
tem sido vista, também, como uma fraqueza.
'Longe
de lhe faltar convicção', disse o falecido Roy Jenkins, o político trabalhista
que se tornou o fundador dos Democratas Sociais e que originalmente admirava Blair.
'Ele a tem quase em excesso'. Blair praticamente admitiu isso: 'Conheço apenas
o que acredito'. E essas palavras talvez expliquem muita coisa sobre ele, bem
além de sua nova filiação eclesiástica.
- Tradução
de Maria de Lourdes Botelho
- Geoffrey
Wheatcroft escreveu este artigo para 'The New York Times'.
A
conversão de Tony Blair é particularmente notável, visto que o convertido foi
primeiro-ministro de um país cujo rei foi proclamado Chefe da Igreja Nacional
Anglicana. O gesto de Blair resulta da convicção profunda de um homem
inteligente e honesto que refletiu sobre a fé e, arriscando o que fosse, houve
por bem entregar-se a Cristo, sustentado pela graça, na Igreja fundada por
Cristo e entregue ao pastoreio de Pedro e seus sucessores.
Dom Estêvão
Bettencourt (OSB)