Gramsci,
lavagem cerebral e aborto
Sex, 17 de
Junho de 2011 Ivanaldo Santos
O filósofo marxista Antonio Gramsci (1891-1937) foi uma das referências
essenciais do pensamento da esquerda no século XX e um dos fundadores do
Partido Comunista Italiano. Entre suas obras de maior relevância encontra-se Maquiavel, a política e o Estado moderno,
um clássico do pensamento da esquerda no século XX.
Em 1926 ele foi preso acusado de
participar de atos subversivos contra o governo fascista. implantado na Itália,
sua terra natal, e só foi libertado oito anos depois em 1934. Durante o período
em que esteve preso Gramsci, como é mais conhecido, escreveu mais de 30
cadernos de história e análise sociocultural. Estes cadernos ficaram conhecidos
como Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere.
Nos Cadernos do Cárcere, uma obra
monumental que foi editada em seis volumes, Gramsci descreve como foi sua dura
vida nas prisões do regime fascista na Itália. Entretanto, estes Cadernos
tornaram-se famosos por outro motivo. O fato é que neles Gramsci desenvolve
técnicas para que a esquerda pudesse conquistar o poder. Ele não abandona as
tradicionais táticas de terrorismo empregadas pela esquerda, tais como: sequestro
de empresários, assassinato de políticos e altos funcionários públicos e
destruição do patrimônio público. Entretanto, ele introduz uma nova e sofisticada
técnica para conquistar o poder. Essa técnica é a lavagem cerebral.
Segundo ele, ao invés da esquerda
lutar diretamente contra o Estado e a sociedade, ela deve procurar convencer as
pessoas que sua ideologia está correta e é a única possibilidade da espécie
humana atingir a prosperidade e a felicidade. Para tanto, deve apresentar suas
idéias, por mais absurdas e desumanas que sejam, de forma atraente e procurar,
sempre que possível, desqualificar as idéias dos oponentes. Ele recomenda que
se use a técnica de modificar o sentido original das palavras. Dessa forma,
algo que é ruim pode passar a ser bom e algo bom passar a ser visto como ruim.
Essa técnica deve ser utilizada em toda a população, mas principalmente dentro
das escolas e com o púbico jovem. Justamente o jovem que ainda está formando o
seu caráter e conhecendo as normas e o funcionamento correto da vida social. Em
outras palavras, o que Gramsci propõe, nos Cadernos
do Cárcere, é que seja utilizada em ampla escala dentro da sociedade
o processo de lavagem cerebral. Só assim o que antes era percebido como
negativo, ruim, mau, pecaminoso e odioso, pode passar a ser percebido como
positivo, bom, agradável e saudável.
De acordo com o jornalista italiano
Alex Sardenha, que escreveu um livro chamado Gramsci:
uma biografia, “Gramsci promoveu o casamento das idéias de Marx com
as de Maquiavel, considerando o Partido Comunista o novo "Príncipe",
a quem o pensador florentino renascentista dava conselhos para tomar e
permanecer no poder.
Para Gramsci, mais ainda do que
para Maquiavel, os fins justificam os meios e qualquer ato só pode ser julgado
a partir de sua utilidade para a revolução comunista. Nesse sentido,
certamente, Gramsci é um dos maiores teóricos do totalitarismo [do regime
político autoritário] de todos os tempos”.
Como é público a esquerda
totalitária e autoritária representada por Gramsci nunca conseguiu impor sua
ideologia ao mundo. Essa ideologia é o regime socialista.
Entretanto, apesar do fracasso da
ideologia do socialismo as idéias de Gramsci continuam obtendo adeptos em todo
mundo. Na sociedade contemporânea a mídia é um desses adeptos. Constantemente
ela utiliza as técnicas de lavagem cerebral desenvolvidas por Gramsci para
conseguir vender produtos, idéias e serviços que, a princípio, a população
considera ruim, de baixa qualidade e desnecessários.
Outra corrente adepta das idéias de
Gramsci é o movimento favorável ao aborto ou pró-aborto, ou seja, o movimento
que defende que um feto, um bebê ainda no ventre da mãe seja assassinado.
A idéia de assassinar um feto é
terrível. Dificilmente um cidadão, gozando de suas plenas faculdades mentais,
concordaria com ela. O mesmo se dá com a sociedade. Ela tende a rejeitar
totalmente essa ideia.
Para tornar essa macabra idéia
agradável e aceitável, tanto pelo cidadão como também pela sociedade, entra em
cena, mais uma vez, as técnicas de lavagem cerebral de Gramsci.
O movimento favorável ao aborto ou
pró-aborto se utiliza, basicamente, de duas grandes técnicas desenvolvidas por
Gramsci. A primeira técnica é o esquecimento. Essa técnica se dá da seguinte
forma: como esse movimento possui alta penetração na mídia, ele consegue
lentamente retirar a imagem da gravidez e do feto de circulação. Nos diversos
meios de comunicação como, por exemplo, TV, cinema, jornal e revistas, a imagem
da gravidez e do feto está, cada vez mais, desaparecendo. É comum aparecer
apenas indivíduos adultos. Se um extraterrestre chegasse ao planeta terra e
tivesse contato com a programação da mídia, pensaria que os seres humanos nascem
todos adultos e que são gerados por árvores ou algum outro objeto. Este
extraterrestre jamais pensaria que um ser humano nasce de outro ser humano e
que leva nove meses para crescer no ventre de sua mãe antes de nascer.
Atualmente, existe em curso um grande
processo que tem por objetivo fazer a população esquecer que existe a gravidez
e o feto, ou seja, o bebê no ventre da mãe. A gravidez e o feto estão deixando
de ser algo natural, para se transformar em algo estranho e desconhecido pelas
pessoas.
A segunda técnica utilizada é procurar modificar o
sentido original das palavras.
Uma palavra que antes tinha um
sentido positivo, após passar pela técnica de lavagem cerebral torna-se
negativa e ruim. Para tanto, utiliza-se do procedimento de substituição de
palavras. Uma palavra “X” passa a ser substituída por outra “Y”. O movimento
favorável ao aborto ou pró-aborto se utiliza largamente dessa técnica.
Por essa técnica a palavra “feto”,
o bebê no ventre da mãe, justamente uma palavra carregada de sentidos positivos
e otimistas passa a ser substituída por palavras que tenham sentidos
contrários, ou seja, negativos e pessimistas. Entre as palavras que o movimento
favorável ao aborto ou pró-aborto utiliza para substituir a palavra “feto”
encontram-se “amontoado de células”, “indesejado”, “pedaço de carne”, “massa”,
“bife”, “alienígena”, “tumor”, “estrangeiro”, “estranho”, “monstro”, “vírus”,
“doença”, “erro”, “resto”, “sobra”, “castigo” e “pacote”. Já imaginou o estrago
mental que ocorre na consciência de uma adolescente quando ela ouve na escola,
na TV ou em qualquer ambiente social que um feto é um “amontoado de células”,
um ser “indesejado”, um “erro”, um “tumor”, um “pedaço de carne” ou qualquer
uma das palavras acima citadas?
Além da palavra “feto” o movimento
favorável ao aborto ou pró-aborto procura modificar o sentido de outras
palavras. Entre elas estão à palavra “gravidez”, “casamento”, “aborto” e as
expressões “movimento favorável ao aborto ou pró-aborto” e “movimento em defesa
da vida e contra o aborto”.
No tocante a palavra “gravidez” o
movimento favorável ao aborto ou próaborto procura modificá-la para
“imprevisto”, “inconveniente”, “doença”, “erro”, “acidente”, “punição” e
“irregularidade”. Imagine o estrago causado na consciência de uma jovem ao saber
que gravidez é um “acidente”, um “inconveniente”, uma “irregularidade” ou uma
“punição”?
Já a palavra “casamento”, uma das
mais odiadas pelo movimento favorável ao aborto ou pró-aborto, é substituída
pela palavra “morte”, “sepultura”, “tumulo”, “depressão”, “decadência”,
“submissão”, “infelicidade”, “erro”, “prisão” e “castigo”
Além dessas palavras são utilizadas
as seguintes expressão para se referir ao casamento: “instituição social”,
“valor masculino e machista”, “valor social superado” e “punição social”.
Imagine um jovem casal de namorados após ter contato com essas palavras e
expressões, esse casal vai querer se casar e ter filhos(as)? Uma adolescente
vai querer se casar e ter filhos(as)?
A expressão “movimento favorável ao
aborto ou pró-aborto” é substituída por palavras e expressões, tais como:
“inovador”, “consciente”, “liberal”, “livre escolha”, “transgressor”,
“transformador” e “libertador”. Qual é o jovem ou o cidadão que após anos
ouvindo essas palavras e expressões vai pensar que o movimento favorável ao
aborto ou pró-aborto é um movimento que defende o assassinato em massa de
fetos? É um movimento que promove o genocídio de fetos?
Já a expressão “movimento em defesa
da vida e contra o aborto” é ridicularizada e sofre todas as formas de preconceito.
Isso fica patente nas palavras e expressões que são atribuídas a esse
movimento. Entre elas citam-se: “conservador”, “antiquado”, “alienado”,
“quadrado”, “ignorante”, “analfabeto”, “iletrado”, “defensor de valores sociais
superados”, “submisso”, “infeliz”, “selvagem”, “retrogrado” e “superado”. Qual
é o cidadão que vai querer aderir a um movimento social que possua
características tão negativas? Como se pode ver a técnica da substituição de
palavras é muito eficiente.
Outra palavra que o movimento favorável
ao aborto ou pró-aborto procura desesperadamente substituir é a palavra
“aborto”, ou seja, o assassinato do feto ainda no ventre da mãe.
Historicamente, a palavra “aborto” tem um forte teor negativo. Em algumas
regiões do planeta ela é até proibida de ser pronunciada. Entretanto, o
movimento favorável ao aborto ou pró-aborto procura lhe dá um sentido positivo,
afável e agradável. Para tanto, propõe substituir a palavra “aborto” por
"esvaziamento do conteúdo do útero" (Qual é o conteúdo do útero, senão
a criança por nascer?), "antecipação terapêutica do parto",
“terapia”, "regulação menstrual" (Aborto nos primeiros dias de
gravidez. Este tipo de aborto geralmente é feito por aspiração), “livre
escolha”, “ato de liberdade”, “cura de uma doença”, “libertação social”, “ato
transformador”, “independência da mulher”, “proteção social”, “avanço social” e
“projeto de sociedade”, “qualidade de vida” e “bem-estar”.
Qual é a pessoa que após anos
ouvindo na TV, lendo nos jornais e tendo contato, em diversos ambientes
sociais, com essas palavras e expressões vai pensar que por traz de um sentido
tão positivo e otimista há em curso um massacre de fetos? Um genocídio de
fetos? Quem pensará o contrário? Quem pensará que por traz da palavra ou
expressão como, por exemplo, “terapia”, "antecipação terapêutica do
parto", "esvaziamento do conteúdo do útero”, “livre escolha” e “ato
de liberdade” encontra-se o assassinato de bebês inocentes?
É possível ter uma visualização
melhor da técnica de substituição de palavras no quadro que se encontra logo
abaixo, cujo título é: “Lavagem cerebral. Técnica de substituição de palavras”.
Fragmento da obra Aborto: discursos
filosóficos de Ivanaldo Santos. - João Pessoa: Idéia, 2008
Fonte: Veritatis Splendor