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Primeira Leitura: PENTATEUCO: Livro do Êxodo (Ex), capítulo 3 Segunda Leitura: EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO: Primeira Epístola aos Coríntios (1Cor), capítulo 10 |
EVANGELHOS: Evangelho segundo São Lucas (Lc), capítulo 13 (1) Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. (2) Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? (3) Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. (4) Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? (5) Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. (6) Disse-lhes também esta comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. (7) Disse ao viticultor: - Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a, para que ainda ocupa inutilmente o terreno? (8) Mas o viticultor respondeu: - Senhor, deixa-a ainda este ano, eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. (9) Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás. | ||||||||
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3.º Domingo da Quaresma - Onde está a sua tristeza?Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. * Há um sermão de Santo Agostinho no qual ele faz um excelente comentário à parábola da figueira estéril, proclamada no Evangelho deste domingo. Trata-se do Sermão 254 (PL 38, 1182-1186), cujos excertos vale a pena serem lidos na íntegra (existe uma tradução do texto latino para o espanhol no site Augustinus). Respondendo a uma aparente contradição entre os castigos descritos na passagem de São Lucas e a misericórdia divina — que a Igreja recorda particularmente neste Ano Santo —, Agostinho lembra que, inseparável da misericórdia de Deus, está a miséria de nossa condição. Por isto a liturgia da Igreja faz sabiamente preceder à cinquentena pascal o período da Quaresma: para que não cante o aleluia da Ressurreição quem antes não chorar e deplorar a malícia dos seus pecados. A severidade de Cristo com a figueira estéril — que Ele amaldiçoa em outros Evangelhos (cf. Mt 21, 18-22; Mc 11, 12-14) — é o rigor de um Deus amoroso que convida os Seus filhos ao desafio do amor, desafio urgente, porque o tempo desta vida é breve e a morte pode a qualquer momento nos levar prematuramente ao encontro com o Senhor. Por isso, a palavra "misericórdia" não se coaduna com o discurso frouxo e adocicado de que muitas pessoas se servem para abusar da misericórdia de Deus. As palavras de Cristo são bem claras e dispensam mais considerações. Depois, Agostinho põe em relevo a intercessão do agricultor, que decide cavar em volta da árvore para adubar a terra. Ele compara o ato de cavar à virtude da humildade e o esterco, à tristeza, dizendo que "se não é colocado no devido lugar, o esterco causa sujeira, mas, quando é posto no lugar certo, torna fértil a terra". Citando então o Apóstolo, que contrapõe "a tristeza segundo Deus" à "tristeza do mundo" (2 Cor 7, 10), ele trata de exemplificar os tipos de tristeza que existem:
Ainda que os padres da Igreja e os artistas muitas vezes retratem a virtude da penitência associada a gemidos e lágrimas, a essência do arrependimento não está em nenhum sentimento físico, senão em uma determinação da vontade. Quem está de fato arrependido não precisa necessariamente se derramar em lágrimas, nem ferir o peito com uma pedra, como fez São Jerônimo; necessário é que se reconheça, com os olhos do espírito (a inteligência), a maldade do pecado, e se faça (com a vontade) o firme propósito de não mais tornar a ofender a Deus. Os sentimentos atraiçoam e não servem como base para julgarmos a moralidade das nossas atitudes. As coisas que ofendem a Deus, Ele mesmo as revelou por meio de Moisés, dos profetas e, enfim, por meio de Seu Filho. Não é preciso "sentir" que são más para se arrepender delas, mas simplesmente aceitar que são ruins e tomar a resolução de não mais cometê-las. Não se pode pedir a um narcodependente que "sinta" repugnância pelas drogas que ele, com prazer, passou a vida consumindo. O que se espera é que ele se converta, reconhecendo o mal que isso lhe fez e abandonando o seu vício. Por isso, o arrependimento cristão é muito diferente de um "complexo de culpa": não se trata de chorar vaidosamente o ego ferido, mas de deplorar as ofensas feitas contra Aquele que "me amou e se entregou por mim" (Gl 2, 20); não é ensimesmar-se, mas voltar-se para Deus. Ao meditarmos sobre o Evangelho deste domingo, perguntemos com Santo Agostinho, onde, afinal, temos colocado o esterco de nossa tristeza: se no lugar certo ou na farinha do nosso pão. "De quem geme por seu pecado se reconhece o solo e se espera o fruto. Graças a Deus. Estando no lugar bom, não é em vão o esterco, mas dá fruto." Padre Paulo Ricardo Tempo de ConversãoO tempo da Quaresma recorda muitas vezes o tempo da travessia do deserto por parte de Israel: tempo de peregrinação, de provação e de purificação. O livro do Deuteronômio recorda isto com palavras muito fortes: “Lembra-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de humilhar-te, tentar-te e conhecer o que tinhas no coração. Portanto, reconhece hoje no teu coração que o Senhor teu Deus te educava, como um homem educa seu filho” (Dt 8,2.5). No deserto, portanto, Deus usou as provas pelas quais Israel passou, para revelar ao seu povo aquilo que estava escondido no seu próprio coração, isto é, seu pecado, sua fraqueza, sua infidelidade. Mas, também no deserto, Deus cercou seu povo de carinho e proteção, alimentou-o com o maná e saciou-o com a água do rochedo, guiou-o pela nuvem luminosa de noite e protetora contra o sol de dia… Tempo de noivado e de amor entre Deus e o seu povo, foi o tempo do deserto! Por isso, pensar nessa travessia pelo deserto serve tanto para a nossa preparação para a Páscoa. Mas, vejamos. Como começou o caminho de Israel deserto a dentro? Começou com a “descida” de Deus para juntinho do seu povo que gemia debaixo de humilhante escravidão: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-lo e fazê-los sair…” Que coisa impressionante: um Deus tão grande, tão santo, o Deus de Israel e, no entanto, é capaz de ver a aflição, ouvir o clamor, conhecer o sofrimento do seu povo, que era ninguém, que não passava de um punhado de escravos! “Eu desci para libertá-lo!”Nosso Deus é um Deus que desce, que vem para junto do pobre que se encontra no monturo! Nosso Deus é um Deus que liberta e salva! E quando Moisés pergunta pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: primeiro apresenta-se como o “o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” – isto é, o Deus fiel, o Deus que não esqueceu seus amigos do passado, Abraão, Isaac e Jacó e agora vem em socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que será”. Segundo bons exegetas, assim deve-se traduzir o nome de Deus. Isto é, Deus não revela o seu nome a Moisés! Seu “nome”, na verdade, é um desafio, um convite; quer dizer: “Eu sou o que tu verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares comigo! Eu sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a Isaac e a Jacó é confiável, pode-se apostar a vida nele: Moisés e o povo de Israel haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto. Na segunda leitura, São Paulo recorda vários destes acontecimentos: a nuvem e o mar (imagens do Espírito e da água do Batismo), o maná (imagem da Eucaristia), a água que brotou da rocha (imagem do Cristo, de cujo lado traspassado brotou o Espírito). Deus fora todo carinho, todo proteção, todo compaixão e paciência… E, no entanto, Israel tantas vezes duvidou, revoltou-se, murmurou, foi de cerviz dura e infiel! São Paulo nos previne: “Esses fatos aconteceram para servir de exemplo para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram… Portanto, quem está de pé tome cuidado para não cair”. Nós somos o povo de Deus da Nova Aliança. Como Israel, atravessamos um longo deserto rumo à Terra Prometida, que é a Pátria celeste; e também nós somos sujeitos a tantas tentações, como Israel. O grande pecado do povo de Deus da Antiga Aliança era descrer e murmurar contra Deus. De cabeça dura, Israel teimava em caminhar do seu modo, em fazer do seu jeito, em contar com suas forças e sua lógica. Quantas vezes o povo fez isso! Quantas vezes nós fazemos isso! Neste santo tempo quaresmal, somos chamados a uma sincera conversão, a mudar nossa lógica, confiando realmente no Senhor e trilhando sinceramente seus caminhos! Estejamos atentos à seríssima advertência que o Senhor Jesus nos faz no Evangelho. Primeiro ele usa dois acontecimentos daqueles dias em Jerusalém para ilustrar a necessidade de conversão urgente: os galileus que Pilatos perversamente mandara matar e misturar seu sangue com o dos animais sacrificados no Templo – um ato de profanação! – e as dezoito pessoas que morreram por conta do desabamento de uma torre em Jerusalém. Jesus pergunta: “Pensais que essas pessoas eram mais pecadoras que as outras?” Não! Os sofrimentos da vida não são castigo pelos pecados! Mas, devem servir de reflexão e de alerta para todos! Há uma desgraça muito pior que qualquer acidente: morrer para Deus, ressecar o coração para o Senhor: “Se não vos converterdes, ireis morrer do mesmo modo!” Depois Jesus ilustra o que ele quer dizer com a parábola da figueira estéril: “Há três anos venho procurando figos nesta figueira e nada encontro!” A figueira da parábola é o povo de Israel que, durante três anos, ouviu a pregação do Senhor e não o acolheu. Mas, e nós, há quantos anos escutamos o Senhor? Que frutos estamos dando? Nesta Quaresma, como vai o nosso combate espiritual, o nosso caminho de conversão? Não abusemos da paciência de Deus, não tomemos como desculpa a sua misericórdia para retardar nossa conversão! O Eclesiástico previne severamente: “Não digas: ‘Pequei: o que me aconteceu?’ porque o Senhor é paciente. Não sejas tão seguro do perdão para acumular pecado sobre pecado. Não digas: ‘Sua misericórdia é grande para perdoar meus inúmeros pecados’, porque há nele misericórdia e cólera e sua ira pousará sobre os pecadores. Não demores em voltar para o Senhor e não adies de um dia para o outro, porque, de repente, a cólera do Senhor virá e no dia do castigo perecerás” (Eclo 5,4-7) Caríssimos, eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação! Deixemo-nos reconciliar com Deus em Cristo! Convertamo-nos! Dom Henrique Soares |
O sinal mais infalível e indubitável para distinguir um herético, um homem de má doutrina, um réprobo de um predestinado, é que o herético e o réprobo não têm senão desprezo e indiferença pela Santíssima Virgem. [São Luís de Montfort (1673-1716)]
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