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Primeira Leitura: PROFETAS MAIORES: Livro de Baruc (Br), capítulo 5 Segunda Leitura: EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO: Epístola aos Filipenses (Fl), capítulo 1 |
ASS EVANGELHOS: Evangelho segundo São Lucas (Lc), capítulo 3 (1) No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina, (2) sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias. (3) Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, (4) como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. (5) Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados, tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados. (6) Todo homem verá a salvação de Deus. | ||||||||
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2.º Domingo do Advento - Preparação para a ConfissãoEvangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes administrava a Galileia, seu irmão Filipe, as regiões da Itureia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, foi então que a palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto. * São João Batista "percorreu toda a região do Jordão, pregando (κηρύσσων) um batismo de conversão para o perdão dos pecados" (v. 3). Ele chamava as pessoas a um "batismo de conversão" (βάπτισμα μετανοίας) – isto é, a um arrependimento de coração –, preparando o povo para o "perdão dos pecados" (ἄφεσιν ἁμαρτιῶν), que Jesus, o próprio Deus feito homem, viria trazer à humanidade. Essa mesma sequência é notável na estrutura do sacramento da Penitência: a primeira parte são os atos do penitente, que, arrependido de seus pecados, implora a misericórdia divina; a segunda, os atos do confessor, que, atuando em nome de Cristo, perdoa as faltas ao pecador. Os atos do penitente são o principal objeto de exame deste Testemunho de Fé. Podem ser separados em três partes, como consta no Catecismo da Igreja Católica, § 1450: "A penitência leva o pecador a tudo suportar de bom grado: no coração, (1) acontrição; na boca, (2) a confissão; nas obras, toda a humildade e (3) frutuosasatisfação." 1. Em primeiro lugar, portanto, vem a contrição. Com a inteligência, o penitente reconhece que pecou – é o exame de consciência; com a vontade, detesta o que fez – é a contrição propriamente dita; com essa mesma vontade, promete não mais pecar – é o propósito de emenda. Para saber se algo é pecado, não é necessário fazer um curso de ética (muito embora um conhecimento básico da chamada "teologia moral" seja vivamente recomendado a todos os cristãos); basta ter fé no Deus que revela o que é bom e o que é mau, nos Dez Mandamentos, por exemplo. Ilustra bem essa lição um episódio da vida de São José de Anchieta. Atendendo, no leito de morte, a uma índia conversa à fé cristã, ele perguntou-lhe se tinha ela um último pedido a fazer, antes de partir à vida eterna. A resposta da índia foi cômica: o que ela queria mesmo era uma sopa de dedinho de criança, a qual, porém, ela renunciava de bom grado, por não agradar a Deus. Mesmo tendo crescido a vida inteira acostumada às práticas canibais de sua tribo, essa indígena abandonou-as todas, só para contentar a Deus. Do mesmo modo, por exemplo, ainda que a um olhar viciado as drogas ou a prostituição pareçam boas ou agradáveis, pela fé sobrenatural, o penitente é levado a reconhecer que o seu termo é a perdição e a morte. Para arrepender-se, não é necessário que se sintam externamente grandes abalos ou que se derrame um rio de lágrimas pelo que se fez; basta que, com uma vontade determinada, o penitente deteste profundamente os seus pecados e esteja disposto a jamais cometê-los de novo. Na verdade, da firmeza desse propósito depende a própria validade da Confissão sacramental. Sem uma determinação de abandonar o pecado firme, eficaz – isto é, "o penitente deve estar decidido a empregar todos os meios possíveis e indispensáveis para evitar o pecado" – e universal – ou seja, que se estenda a todos os pecados mortais, de uma só vez e para sempre –, não há absolvição que restitua a graça à alma [1]. Além disso, a graça que se recebe na Confissão é proporcional ao arrependimento que tem o penitente, como explica o Pe. Royo Marín: "A intensidade do arrependimento, nascido sobretudo dos motivos da contrição perfeita, estará em razão direta com o grau de graça que a alma receberá com a absolvição sacramental. Com uma contrição intensíssima, a alma poderia obter não somente a remissão total de suas culpas e da pena temporal que teria de pagar por elas nesta vida ou no purgatório, mas também um aumento considerável de graça santificante, que a faria avançar a passos largos nos caminhos da perfeição. Tenha-se bem presente que, segundo a doutrina do Doutor Angélico, ao recobrar a graça no sacramento da penitência (ou fora dele, pela contrição perfeita com propósito de confessar-se), o pecador nem sempre a recebe no mesmo grau de antes, senão em igual, maior ou menor, de acordo com as suas disposições atuais (cf. S. Th., III, q. 89, a. 2). É da maior importância, pois, procurar a máxima intensidade possível no arrependimento e contrição para lograr recuperar o mesmo grau de graça ou quiçá maior que o que se possuía antes do pecado. Essa mesma doutrina vale também para o aumento da graçaquando a alma se aproxima do sacramento já em possessão da mesma. Nada, pois, há de procurar com tanto empenho a alma que queira santificar-se como esta intensidade de contrição nascida do amor de Deus, da consideração de sua infinita bondade e misericórdia, do amor e sofrimentos de Cristo, da monstruosa ingratidão do pecado para com um Pai tão bom, que nos tem cumulado de incompreensíveis benefícios etc." [2] Isso explica por que tantas pessoas, mesmo se confessando frequentemente, estejam decaindo cada vez mais na vida da graça, até o ponto de abandonarem a Igreja. Elas se confessam sim, mas com tanto desleixo, que, pouco a pouco, vão "esfriando" e perdendo até o que tinham (cf. Mt13, 12). 2. Em segundo lugar, parte-se à acusação dos pecados. O termo "acusação" não é casual. O sacramento da Penitência é como um tribunal, no qual o pecador é, ao mesmo tempo, réu e promotor – não advogado. O penitente, portanto, não deve escusar-se, tentando "livrar a sua pele" ou diminuir a sua culpa. Como um promotor, ele simplesmente acusa o que fez, sem desculpas – deixando nas mãos do misericordiosíssimo Juiz a parte da sentença. A acusação que se faz deve ser íntegra, i.e., "o fiel tem obrigação de confessar, na sua espécie e número, todos os pecados graves, de que se lembrar após diligente exame de consciência, cometidos depois do batismo e ainda não diretamente perdoados pelo poder das chaves da Igreja nem acusados em confissão individual" [3]. Não é necessário revelar todas as circunstâncias em que se deram os pecados, prolongando desmesuradamente a confissão, mas tão somente aquelas que mudam a espécie do pecado. Explica o Pe. Del Greco: "Os pecados devem ser acusados de acordo com a espécie ínfima: deve-se declarar seu nome e explicar a espécie; assim, não basta dizer: pequei gravemente, nem: pequei gravemente contra a castidade, sem explicar de que espécie foi o pecado. 3. Por fim, chega-se à etapa da satisfação, que consiste em reparar o dano que se causou com o pecado cometido. Normalmente, as penitências impostas pelo sacerdote são simples, como rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria ou um Salmo penitencial. O fiel, porém, pode generosamente acrescentar outras práticas penitenciais que o ajudem a viver em contínuo espírito de arrependimento. Depois disso, o sacerdote traça sobre o fiel o sinal da cruz e, agindo in persona ipsius Christi, perdoa-lhe os pecados. É a grande alegria do tribunal da Penitência: todo réu que arrependido nele entra, jamais é condenado, mas sempre absolvido. Graças sejam dadas a Cristo por Sua infinita misericórdia! Referências
O Dia de Cristo!Na segunda leitura da Liturgia da Palavra deste Domingo II do Advento, por duas vezes São Paulo refere-se ao Dia de Cristo: “Aquele que começou em vós uma boa obra, há de levá-la à perfeição até ao Dia de Cristo”; “que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, para discernirdes o que é melhor. Assim ficareis puros e sem defeito para o Dia de Cristo”. Para este Dia de Cristo, meus caros, estamos nos preparando no santo Tempo do Advento. Dia de Cristo é o Natal; Dia de Cristo é o “todo-dia”, quando sabemos reconhecer suas visitas; Dia de Cristo será a sua Vinda gloriosa no final dos tempos. Quem celebra piedosamente o Dia de Cristo no Natal e é atento pela vigilância ao Dia de Cristo de “todo-dia”, estará pronto na perfeição do amor, estará puro e sem defeito para o Dia de Cristo no final dos tempos! É certo que não poderemos fugir do Cristo Jesus: diante dele todos nós estaremos um dia porque através dele e para ele fomos criados e somente nele nossa existência chegará à sua plenitude. A primeira leitura de hoje ilustra de modo comovente a situação da humanidade e também a situação da Igreja, pequeno resto peregrino e acabrunhado sobre esta terra: trata-se de uma humanidade sofrida, de uma Igreja em exílio, mas que será consolada pelo Senhor. Recordemos a palavra de Baruc profeta “Despe, ó Jerusalém, a veste de luto e de aflição, e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus!” Que belo convite, que sonho, que felicidade, meus caros! Pensemos na nossa vida, pensemos nas ânsias da Mãe Igreja, e alegremo-nos com o consolo que Deus nos promete! “Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus mostrará teu esplendor, ó Jerusalém, a todos os que estão debaixo do céu!” Vede, caríssimos, o nosso Deus como é: um Deus que promete, um Deus que abre a estrada da esperança, um Deus que consola, um Deus que nos prepara um futuro de bênção, de paz e de vida! Mas, quando será esta paz, de onde virá? Escutai, caríssimos: “Levanta-te, Jerusalém – levanta-te, irmão; levanta-te, irmã! Levanta-te, Mãe católica! – põe-te no alto e olha para o Oriente!” O Oriente, meus caros é o lugar da luz, o lado no qual o sol nasce e o dia começa; o Oriente é o próprio Cristo Jesus! Olhar para o Oriente é esperar o Dia de Cristo, o Dia sem fim, a Luz que não tem ocaso! Quem caminha sem olhar o Oriente, caminha sem saber para onde vai; quem avança noutra direção, não caminha para a luz, mas vai ao encontro das trevas: “des-orienta-se”! “Levanta-te, põe-te no alto e olha para o Oriente!” Olha para o Cristo, vai ao seu encontro! Então, tu verás a salvação de Deus; tu experimentarás que o Senhor não é Deus de longe, mas de perto; tu experimentarás o quanto o Senhor é capaz de consolar o que chorava, de acalmar o que estava aflito, de reconduzir o transviado: “Vê teus filhos reunidos pela voz do Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado deles. Deus ordenou que se abaixassem todos os altos montes e as colinas eternas, e se enchessem os vales, para aplainar a terra, a fim de que Israel sua Igreja santa, seu povo eleito, caminhe com segurança sob a glória de Deus!” Vede, caríssimos, que é de paz que o Senhor nos fala, é a salvação que nos promete! Se agora lançarmos as sementes da vida entre lágrimas, haveremos de colher com alegria; se agora muitas vezes na tristeza formos espalhando as sementes, um dia, no Dia de Cristo, nosso Oriente bendito, com alegria voltaremos carregados com os frutos em feixes! As promessas do Senhor, meus caros, fazem-nos compreender que nossa vida tem sentido, que tudo quanto nos acontece pode e deve ser vivido à luz de Deus! Uma das grandes misérias do nosso tempo é a solidão humana. Não se trata de uma solidão qualquer, mas de uma sensação mortal de viver a vida diante de ninguém, de caminhar a lugar nenhum, de gastar energia e sonho para produzir vazio… Mas, quando voltamos o rosto para o Oriente, quando nos deixamos banhar por sua luz que, como uma aurora bendita já começa a difundir seus raios, então tudo se enche de paz e de alegria, porque tudo ganha um novo sentido! Caríssimos no Senhor, pensai na vossa vida concreta, nas vossas semanas e dias feitos de experiências bem reais e miúdas… Pois bem, Deus, em Cristo, visita a nossa vida! No Evangelho de hoje, quando São Lucas narra o aparecimento de João Batista, o precursor do Messias, ele começa mostrando como a palavra do Senhor, como a sua salvação nos atinge e nos encontra bem no concreto de nossa vida, no nosso aqui e no nosso agora. A salvação não é um mito, a vinda do Senhor até nós não é uma estória de trancoso… Escutai como é concreta a sua vinda, como tem uma história e uma geografia: “No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes administrava a Galiléia, seu irmão Filipe, as regiões da Ituréia e Traconítide, e Lisânias, a Abilene; quando Anás e Caifás eram sumo sacerdotes, foi então que a palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto.” Vede, irmãos, e compreendei: a Palavra de Deus vem nós num “quando” e num “onde”. O “quando” é hoje, agora, neste período da nossa vida; o “onde” é aí onde você vive: na sua casa, no seu trabalho, nas suas relações, nos seus conflitos! É neste agora e neste aqui, neste “quando” e neste “onde” que Deus vem ao nosso encontro em Cristo Jesus! E o que devemos fazer para acolhê-lo? Como devemos proceder para que não venha na os em vão? Como agir para que a sua luz nos possa iluminar? Escutai ainda o Evangelho: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E toda carne verá a salvação de Deus”. Vê, meu irmão; presta atenção, minha irmã! É de ti que o Senhor fala; é à tua vida que ele se refere: queres ver a luz do Oriente? Queres dirigir-te para o Dia eterno? Queres realmente estar pronto para o Dia de Cristo no Natal, no “todo-dia” e no Último Dia? Então, endireita agora teus caminhos, abaixa as montanhas da soberba e do orgulho, aterá os vales do medo, da covardia e do vão temor, e endireita as tortuosas estradas de teus vícios e de teus pecados! Aí sim, tu e toda carne verão a salvação de Deus: na celebração do Natal vamos vê-la reclinada num pobre presépio, no “todo-dia” vamos experimentá-la de tantos modos e em tantos momentos e, no Último Dia, Dia de Cristo, iremos vê-la face a face como eterna delícia, alegria sem fim e vida imperecível! Vamos, irmãos, caminhemos com fé ao encontro do Senhor! E para que o nosso caminho não seja sem rumo e em vão, endireitemos desde agora as estradas de nossa vida! Levantemo-nos, ponhamo-nos no alto da virtude e vejamos: vem a nós a alegria do nosso Deus! A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém. D. Henrique Soares |
Uma cruz sem Cristo não diz nada. Cristo na cruz diz tudo. [Claudio Maria]
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