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Primeira Leitura: HISTÓRICO: Livro de Josué (Js), capítulo 24 Segunda Leitura: EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO: Epístola aos Efésios (Ef), capítulo 5 |
ASS EVANGELHOS: Evangelho segundo São João (Jo), capítulo 6 (60) Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? (61) Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza? (62) Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?... (63) O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. (64) Mas há alguns entre vós que não crêem... Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair. (65) Ele prosseguiu: Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido. (66) Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele. (67) Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos? (68) Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. (69) E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus! | ||||||||
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21º Domingo do Tempo Comum - Palavras de vida eternaEvangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Naquele tempo, muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: "Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?" "Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele" (Jo6, 56), diz Nosso Senhor. Às Suas palavras, são muitos os que reagem negativamente e – narra o Evangelho deste Domingo –, "a partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele" (v. 66). São Pedro, ao contrário, pretendendo falar em nome dos Doze, faz uma belíssima profissão de fé, dizendo: "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus" (v. 68-69). No término deste capítulo, porém, Cristo tem uma observação importante: "Não vos escolhi a vós, os Doze? – pergunta – Contudo, um de vós é um diabo!" E o Evangelista explica: "Ele falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, pois este, um dos Doze, iria entregá-lo" (Jo 6, 70-71). Não foram, pois, apenas os Seus discípulos que se afastaram de Cristo; a infidelidade estava para ser deflagrada dentro do próprio colégio apostólico. Ora, "Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo" (v. 64). Que, mesmo sabendo disso, Nosso Senhor tenha eleito Judas Iscariotes, São João Crisóstomo explica: "Aqui, os gentios acusam nesciamente o Cristo, pois a escolha dele não força (vim infert) as coisas que dizem respeito ao futuro; ao contrário, está na vontade o ser salvo e o perecer." [1] Essa sentença de Crisóstomo deixa entrever a "psicologia da fé". Deus auxilia, mas não força ninguém a crer: embora Cristo tivesse integrado Judas ao grupo dos Apóstolos, cabia à sua livre vontade confirmar ou negar a sua eleição; embora Ele tivesse pregado as verdades da fé também ao traidor, cabia a ele a decisão de seguir ou trair o que havia escutado. Na explicação didática do Doutor Angélico, "Quanto ao assentimento do homem às verdades de fé, pode-se considerar uma dupla causa: uma que, de fora, induz a crer, como a visão de um milagre ou a persuasão por um homem que exorte à fé. Nenhuma dessas duas causas é suficiente, porque entre os que veem um e mesmo milagre e entre os ouvintes da mesma pregação, alguns creem e outros não. Portanto, é preciso admitir outra causa interior, que mova o homem, de dentro, a assentir às verdades da fé. (...) Como o homem, aderindo às verdades da fé, eleva-se acima de sua natureza, é preciso que isso venha a ele por um princípio sobrenatural que o mova interiormente, e esse princípio é Deus. Portanto, a fé quanto ao assentimento, que é o principal ato da fé, vem de Deus, que nos move interiormente pela graça." [2] O que vem de fora, portanto, age induzindo o homem a crer (exterius inducens). Dentro do homem, porém, antes mesmo que ele se impressione com um milagre ou seja convencido por um pregador, existe uma voz suave, como um sussurro, que o move interiormente a acreditar. O Espírito Santo ilumina, pois, não só aquele que anuncia a Palavra, como também aquele que a escuta. Só quando a pregação que se ouve e o verbo interior entram em harmonia, tem-se, enfim, a virtude da fé. Para entender de que se trata o objeto da fé e, então, crescer ex fide in fidem (Rm 1, 17), é preciso sondar a natureza das verdades que são apresentadas por Cristo aos homens. Diante do escândalo que o Seu discurso provoca nos ouvintes, Ele pergunta: "Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?" (v. 61-62). Com isso, Nosso Senhor quer deixar bem clara a Sua identidade divina: não é um simples ser humano quem diz ser o pão da vida – o que seria uma pretensão tremendamente absurda –, mas o próprio Deus. "O Espírito é que dá vida (τὸ πνεῦμά ἐστιν τὸ ζωοποιοῦν) – Ele continua –, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida" (v. 63). A pregação de Cristo se refere a realidades eminentemente espirituais, porque Ele revela o que está na intimidade da própria vida trinitária. Por isso, não se pode compreender a atitude de certos exegetas contemporâneos, que reduzem os Evangelhos a um relato humano vulgar e os rebaixam ao nível de um mero manuscrito antigo, como se Jesus fosse um homem qualquer e a Bíblia, um simples palimpsesto. A Igreja nunca leu as Escrituras deste modo; ao contrário, sempre deu primazia ao seu sentido espiritual, pois é principalmente para induzir os corações à fé que elas foram escritas. Quando Nosso Senhor prenuncia, por exemplo, que Ele próprio se vai oferecer a nós como alimento, a nossa alma sedenta reconhece essa verdade. Quando Ele diz: "Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós" (Jo 6, 53), nosso coração se sobressalta e reconhece que, longe d'Ele, éramos como cadáveres e, agora, pelo santíssimo sacramento da Eucaristia, Ele realmente nos dá nova vida – e vida divina. Por isso, podemos repetir com São Pedro: "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna" (v. 68). Para que essa vida da graça seja operante em nós, todavia, precisamos corresponder ao chamado e ao amor de Deus. Caso contrário, agiremos como aquela pobre habitante da favela que, recebendo um pedido de casamento do mais nobre príncipe da região, rejeita o seu amor e prefere continuar em seu casebre, com sua vida comum e miserável. Enquanto não disser "sim" e amar de volta o seu pretendente, a dita moça jamais terá a oportunidade de adentrar o palácio do príncipe e gozar dos favores reais. Diante de um convite de tamanha magnitude, os seus pais presumidamente dirão: "Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei se encante com vossa beleza!" (Sl 44, 11-12). Palavras parecidas são as que Deus dirige a nós, quando desce dos céus, do alto do Seu esplendor, ansioso por desposar a nossa alma indigente e pecadora. Expressão semelhante é usada convenientemente na Santa Missa, quando o sacerdote, elevando a Hóstia, diz: "Beati qui ad cenam Agni vocati sunt – Felizes os convidados para o banquete nupcial do Cordeiro". São verdadeiramente felizes, imensamente felizes, aqueles que, atendendo ao apelo divino, "ingressam no palácio real" (Sl 44, 16)! Estejamos com o coração permanentemente pronto para o encontro com o Divino Esposo de nossas almas. Um dia, não mais sob o véu do sacramento, mas, face a face, contemplá-Lo-emos no Céu, pelos séculos dos séculos. Amém. Referências
Deus não usa botox!Nenhum cristão jamais poderá dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não esconde suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e servi-lo… Escutamos na primeira leitura de hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que são de fácil manejo, que não exigem nada ou, ao invés, seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo e corrige os que nele esperam? O próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao seu chamado! O que aparece na primeira leitura torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos discípulos se escandalizaram com Jesus (os protestantes ainda hoje se escandalizam e não crêem na palavra do Salvador…). E Jesus, o que faz? Muda sua palavra? Volta atrás no ensinamento para ser popular, para ser compreendido e aceito, para encher as igrejas? Não! Popularidade, aceitação, bom-mocismo nunca foram seus critérios! Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás. O Senhor nunca se converte a nós; nós é que devemos nos converter a ele! Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus verdadeiro! É importante prestar atenção! Diante dos discípulos escandalizados e murmuradores, que faz Jesus? Apresenta o critério decisivo: a cruz. Escutai, irmãos, o que diz o Senhor: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?” Lembremo-nos que, para o Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai começa na cruz: ali ele será levantado! Vede bem, meus irmãos, que não poderá seguir o Senhor, não poderá suportar as palavras do Senhor, aquele que não estiver disposta a contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá vida; a carne não adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e vida!” Compreendei, caríssimos meus: somente se nos deixarmos educar pelo Santo Espírito, somente se deixarmos os pensamentos e a lógica à medida da carne, isto é, à medida da mera razão humana, é que poderemos compreender as coisas de Deus, coisas que passam pela cruz de Cristo! Quando se trata do escândalo do Evangelho, “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues à nossa própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e suas exigências! E, no entanto, o Senhor continua: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!” Vede bem, meus caros: acolher Jesus, compreender suas palavras e acolhê-las, por quanto sejam difíceis e duras, é graça de Deus e somente abertos para a graça poderemos realizá-lo! Como acolher a linguagem da cruz, sem mudar de vida? Como acolher as exigências do Senhor, sem a conversão do coração, sem nos deixarmos guiar pela imprevisível liberdade do Santo Espírito? Quando isso acontece, experimentamos como o Senhor é bom, o quanto é suave, o quando é doce segui-lo! Um belíssimo exemplo disso, a Palavra de Deus nos dá hoje recordando a vida da família cristã. São Paulo pensa o lar cristão como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma pequena Igreja e dá conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o comportamento familiar é o amor. Que amor? O das músicas e das novelas? Não! Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a Igreja! Que beleza, que desafio, que sonho: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se amam, marido e mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos uns para com os outros!” Para o cristianismo, meus caros, a família cristã não é primeiramente uma instituição humana, mas uma instituição divina, um sacramento da Igreja. Mais ainda: a família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é Jesus quem deve reinar, ali é o santo e doce temor de Deus quem deve regular a convivência. Que desgraça hoje em dia a paganização, a secularização, a banalização da família cristã. Atentos, cristãos: a família é santa, a família é sagrada, a família não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela imoralidade, pela violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela vulgarização! Que beleza, meus caros, um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do Senhor gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo, para a Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Este e só este! Aos olhos de Deus, não há outra forma legítima e aceitável de união familiar! Um homem, uma mulher; um esposo, uma esposa e os filhos – eis o sonho, eis a bênção, eis a felicidade quando se vive isso de acordo com o amor de Deus em Cristo! Que bênção a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as alegrias e tristezas, as lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos se rezam, juntos partilham, juntos vencem-se as dificuldades! São Paulo, encantado com essa realidade, exclama: “É grande este mistério!” Que mistério? O mistério do amor entre marido e mulher, da sua união que gera vida, que é doçura e complementaridade. E o Apóstolo continua: “E eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja!” Atenção! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é imagem da comunhão entre Cristo e a Igreja! É fácil, caríssimos, viver a família assim? Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E Jesus, mais uma vez, nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o matrimônio ser indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? Assusta-vos o dever de gerar filhos com generosidade e educá-los com amor e firmeza? “Quereis também ir embora?” Caríssimos, que nossa resposta seja a de Pedro, dada em nome dos Doze e de todos os discípulos: “A quem iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué, possamos dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém. Escolher a Deus – um Deus difícil! Os ídolos são fáceis e muitos! O Senhor é exigente; e não volta atrás na sua palavra, mesmo quando essa escandaliza. O critério é a cruz (o Filho do homem subindo e julgando). Somente pode compreendê-lo no Espírito, a carne não serve aqui! – Ser cristão não é questão de propaganda ou munganga: é graça; é o Pai quem atrai! Muitos já não andavam mais com ele… Quereis ir embora? Senhor, só tu tens palavras de vida eterna: és o Santo de Deus! Provai e vede quão suave é o Senhor! Uma família que serve o Senhor: a lei que regula é o amor, o mesmo que se contempla na entrega de Cristo, selando a aliança com a Igreja. D. Henrique Soares |
Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. (Ef 4,5) [São Paulo]
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